CASO DA MÉDICA Considerando que a Ética abrange uma reflexão teórica e inspiradora sobre valores, não se confundindo com uma prática cotidiana e social, faça distinção entre a ética e a moral, aqui entendida como um conjunto de comportamentos regrados vivenciados no dia-dia, na seguinte situação que pode ajudar a diferenciar essas duas dimensões da prática social. Vamos relatar somente as ideias gerais para criar condições de posicionamento crítico de cada um. Há alguns anos, a imprensa noticiou uma situação vivenciada no Hospital Evangélico em Curitiba-PR na qual uma médica, responsável pelo internamento nas poucas vagas de UTI do referido hospital, procedia, como ficou apurado e noticiado, da seguinte maneira: a) Ela levantava as situações estruturais dos pacientes e definia o tipo de tratamento a ser dado no hospital referente à ocupação do leitos e manejo dos instrumentos hospitalares de manutenção da vida; b) Ela definia um procedimento de aceleração da morte dos doentes terminais, afirmando que não haveria como reter esse desfecho fatal e, justificando com a necessidade de abrir nova vagas no demandado hospital; c) A médica, mesmo denunciada, dizia que agia rigorosamente de acordo com a ética de sua profissão. A situação é complexa e envolve muitas contradições. Reflita sobre as atitudes da médica, os argumentos apresentados por ela e as possíveis situações vividas, tanto pelos doentes terminais que foram levados a óbito quanto pelos doentes que alcançaram uma vaga nas UTIs resultantes desse processo. Após a sua reflexão, responda: Como se articulam, nessa situação real: (1) a ética centrada no valor da vida, (2) a ética médica assumida pela protagonista como correta, (3) a moral geral da nossa cultura que se sustenta sobre a defesa da vida e (4) as específicas situações da carência de vagas nos hospitais públicos?
Soluções para a tarefa
Sobre o Caso da Médica e considerando que a Ética abrange uma reflexão teórica e inspiradora sobre valores, primeiro devemos apontar que por sentença no ano de 2017 ela foi inocentada e que o MP está prestes a realizar uma nova empreitada para culpar a médica por 8 mortes aceleradas de pacientes.
Estaremos considerando no exercício que um profissional tivesse de fato feito tudo o que consta no enunciado.
Sobre a (1) a ética centrada no valor da vida temos o fato de que induzir ou acelerar à morte vai contra os princípios de valorização da vida.
A (2) a ética médica assumida pela protagonista como correta é questionável, visto que esse tipo de procedimento não é comum em hospitais e qualquer medida dessas necessitaria obrigatoriamente da permissão dos familiares.
Sobre (3) a moral geral da nossa cultura que se sustenta sobre a defesa da vida nos diz que essa ação é moralmente reprovável.
Por fim, (4) as específicas situações da carência de vagas nos hospitais públicos é o grande problema por detrás de um caso como esse. A presença de leitos suficientes e de profissionais na quantidade adequada evitaria esse tipo de situação.
Abraços!