Carta de Micael dos Reis a um primo de São José do Monte, o mecânico Manuel Bastos:
Manequinho, não precisa mandar mais carta para a oficina de lanternagem de Zuzu Tavares, uma vez que mudei de ofício e abracei a carreira de escultor moderno. Sei como o pessoalzinho de São José do Monte vai rir ao saber que o filho de Santinho Reis está fazendo nome a poder de ferro-velho e coisa destorcida. Peguei inclinação pelo ramo no dia em que vi nos jornais um para-lama de sucata que pegou o primeiro prêmio numa demonstração de esculturagem no estrangeiro e mais depois em São Paulo. Aí, primo, meti os peitos. […]
José Cândido de Carvalho. Ícaro.
Como se sabe, o léxico, isto é, o conjunto de vocábulos de uma língua, é um sistema aberto, que pode ser ampliado constantemente, desde que obedecidas determinadas regras estruturais. A criação de neologismos, ou seja, de palavras novas, é frequente na obra de José Cândido de Carvalho. Podemos indicar, no texto em estudo, dentre os neologismos criados pelo autor, o vocábulo esculturagem. Sobre esse vocábulo, é correto fazer a seguinte afirmação:
A) Foi formado com o sufixo -agem, que tem o mesmo valor semântico do sufixo que entra na formação do substantivo folhagem.
B)Por causa do sufixo -agem, esculturagem transmite a ideia de ação, processo, portanto de trabalho constante, que o substantivo escultura não transmite.
C)Guarda, em seu significado, relação com a palavra cultura.
D)Tem como cognatos todos os vocábulos formados com o sufixo -agem.
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Resposta:
alternativa A
Explicação:
O sufixo -agem tem sim o mesmo sentido tanto para folhagem (vem de folhas/flora) como para esculturagem (vem de escultura/esculpir)
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