Carolina Maria de Jesus viveu na favela do Canindé, em São Paulo, e sustentou seus três filhos trabalhando como catadora de papel. Ela escreveu um diário que foi publicado e traduzido para 13 línguas. O trecho a seguir foi escrito no dia 13 de maio de 1958 e retrata que, mesmo após a abolição da escravatura, ocorrida no dia 13 de maio de 1888, a população afrodescendente empobrecida ainda não se sentia totalmente livre.
[...] Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetáculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos.
E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10. ed. São Paulo: Ática, 2014. p. 32.
Glossário:
Cruzeiros - Moeda brasileira na época.
Com base na análise do texto, considere as alternativas e assinale aquela que interpreta corretamente a situação vivida pela escritora em relação ao conceito de liberdade proposto por Thomas Hobbes.
A
De acordo com o pensamento de Hobbes, Carolina Maria de Jesus pode ser classificada como uma mulher livre, já que a escravatura foi abolida muito antes do período em que ela escreveu seu diário.
B
De acordo com o pensamento de Hobbes, uma vez que a abolição da escravidão aconteceu muito antes da data a que se refere Carolina Maria de Jesus, ela não tem motivos para se sentir escravizada a nada. A fome é uma limitação da natureza que nada tem a ver com liberdade.
C
O trecho revela que as escolhas humanas não são absolutamente livres, pois precisam enfrentar limitações físicas, naturais e econômicas. Isso está de acordo com o pensamento de Hobbes, que destacava o fato de não sermos livres em relação às necessidades e aos desejos.
D
Conforme a visão de Hobbes, a natureza não nos fez completamente livres, já que temos necessidades que precisam ser satisfeitas a fim de garantirmos nossa sobrevivência. Isso é exemplificado pelo depoimento de Carolina Maria de Jesus.
E
Carolina Maria de Jesus não se sente livre, mesmo após a abolição da escravatura, por não conseguir garantir a própria sobrevivência e a de seus filhos. Esse sentimento está de acordo com a visão de Hobbes, para quem a liberdade não inclui as necessidades; ou seja, não podemos nos libertar de necessidades, como a fome e o frio, nem do desejo de satisfazê-las.
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Resposta:
letra A De acordo com o pensamento de Hobbes, Carolina Maria de Jesus pode ser classificada como uma mulher livre, já que a escravatura foi abolida muito antes do período em que ela escreveu seu diário.
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