Caro Deputado Alcides Amaral,
Venho, por meio desta missiva, solicitar sua atenção para alguma das questões mais importantes da sociedade
brasileira.Aliás, não se assuste o senhor se, nas próximas linhas, eu falar com tanta propriedade e firmeza dos problemas
nacionais. Há uma razão bastante objetiva que me permite fazê-lo: eu sou uma mulher do futuro. Sim, não se assuste vossa
excelência: eu sou uma mulher do futuro. De fato, creia ou senhor ou não, em 2058 os cientistas franceses irão construir as
primeiras máquinas do tempo. Tais máquinas, são incapazes de transportar pessoas. No entanto, são profundamente
eficientes no envio de objetos inanimados a períodos passados e futuros. Aliás, foi precisamente assim que eu, membro-
fundadora da Sociedade Crononáutica Brasileira, enviei-lhe esta carta. Segundo informa meu dróide observador de tempos
passados, ela chegou a sua casa às 7h05 min da manhã de 10/11/2015.
Pois bem, mas por que envio eu, uma mulher do futuro, esta carta ao deputado brasileiro mais influente de 2015?
Bem, minhas razões são claras e objetivas. Em seu tempo, Deputado Alcides,têm sido travadas algumas das lutas políticas
mais relevantes da história da sociedade brasileira. Tais lutas, muitas vezes ocultas por sob as polêmicas inócuas que
alimentam a mídia e as redes sociais, irão repercutir, no futuro, de maneira absolutamente decisiva e desastrosa nos rumos
de nosso país.
Refiro-me aqui, em particular, ao futuro da cultura popular. De fato, vossa época, nobre deputado, é o período dos
últimos resquícios daquilo que o grande Ariano Suassuna chamava de“Brasil profundo”. Em suma, vosso tempo é aquele em
que ainda resta algo das músicas populares passadas de pai para filho, do velho folclore interiorano, dos costumes regionais
de antiquíssimatradição. A velha alma brasileira, fruto de uma secular interação entre povos de continentes distintos, tão rica
e diversa, verdadeirasíntese de contrários, está, em sua época, prestes a falecer.
Com efeito, na medida em que se iniciou o processo deglobalização, as antigas fronteiras nacionais enfraqueceram-
se e arica diversidade cultural existente no planeta deu lugar a um lentoe gradual, mas contínuo e intenso processo de
homogeneização das práticas culturais. Hábitos e valores multisseculares, vistos desde sempre como o apanágiode povos
específicos, como elementos constituintes de sua própria identidade, se viram pouco a pouco escanteados em nomes de
atitudes e práticas de consumodisseminadas pela mídia e pela propaganda. As grandes marcas multinacionais, com seus
tentáculos dealcance irrestrito,destruíram progressivamente as culturas locais. E a indústriacultural, tão pronta a transformar
arte em mercadoria, massificou os gostos estéticos, gerandoartistas de sucesso mundial e rendimentos bilionários. Ao
mesmotempo, retiroua identificação que havia entre povo e arte, de índole tradicional, espontaneamente gerada porele.
Como disse, esse processo, em vosso tempo, Deputado Alcides, encontra-se quase triunfante, mas ainda em
possibilidadede reversão. E é por isso que lhe escrevo esta carta. Não permitaque o Brasil se torne aquilo que ele será em
2080: uma pátria oca,genérica, sem identidade. Não permita que morra a brasilidade, onosso senso do que somos e do que
nos faz singulares. Se o poderpúblico, em seu tempo, tomar decisões adequadase o Congresso aprovar leis que tornem
eficaz a proteção às manifestações de nosso patrimônio histórico e social, ainda haveráesperança. Como sei que o senhor é
sensível a este tema, além deser homem reto e atuante, me pareceu por bem enviá-lo estácarta. Conto com o senhor –e os
seus bisnetos também.
Atenciosamente,
LO.
1. A quem o autor dirige?
2. Por que o autor emprega o termo “missiva”, ainda na introdução do texto?
3. Que informações normalmente estão no cabeçalho de uma carta, mas nesta estão ausentes?
4. Como se justifica o emprego do pronome “vossa” para se dirigir ao interlocutor da carta?
5. Qual é o objetivo da carta?
6. Que detalhes relatados por L.O. deram origem à situação que motivou a escrita da carta?
7. Em sua opinião, o texto demonstra que é possível expressar indignação de maneira formal e com
respeito ao interlocutor?
8. Que sugestões são apresentadas pelo autor?
9. A saudação usada no final da carta revela a disposição do autor em manter a formalidade da carta?
Ficaria incoerente se a saudação fosse “Abraços”, por exemplo?.
10. Como o autor assina a sua carta? Considerando que se trata de uma carta produzida a partir de uma
proposta de redação de vestibular, como se justifica essa forma de assinar?
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1:ao texto 2:para vilma que vc não quer verduras amanhã cedo eu vou fazer um pra mim e Augustovamos ver até amanhã então tá tudo bem por aí pra mim por e que sei o dia inteiro eu vou ver com ela
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