Português, perguntado por giuliapedrorocha, 1 ano atrás

CAPÍTULO XXIV

De Mãe e de Servo

José Dias tratava-me com extremos de mãe e atenções de servo. A primeira coisa que conseguiu logo que comecei a andar fora foi dispensar-me o pajem; fez-se pajem, ia comigo à rua. Cuidava dos meus arranjos em casa, dos meus livros, dos meus sapatos, da minha higiene e da minha prosódia. Aos oito anos os meus plurais careciam, alguma vez, da desinência exata, ele a corrigia, meio sério para dar autoridade à lição, meio risonho para obter o perdão da emenda. Ajudava assim o mestre de primeiras letras. Mais tarde, quando o Padre Cabral me ensinava latim, doutrina e história sagrada, ele assistia às lições, fazia reflexões eclesiásticas, e, no fim, perguntava ao padre: “Não é verdade que o nosso jovem amigo caminha depressa?” Chamava-me “um prodígio”; dizia a minha mãe ter conhecido outrora meninos muito inteligentes, mas que eu excedia a todos esses, sem contar que, para a minha idade, possuía já certo número de qualidades morais sólidas. Eu, posto não avaliasse todo o valor deste outro elogio, gostava do elogio; era um elogio.

(Machado de Assis, “Dom Casmurro”)



A palavra "se" é, sem dúvida, uma das mais versáteis em nossa língua, apresentando diversos valores morfossintáticos.

Na oração "fez-se pajem", presente no texto acima, o "se" apresenta o mesmo valor que expressa em

A Ela se arrependeu da resposta que deu.
B Vai-se o homem estrada afora...
C Estudou-se o assunto com cuidado extremo.
D Ele se reconheceu naquele conto.
E Necessitava-se de muita paciência naquele momento.

Soluções para a tarefa

Respondido por AndreVinicius22
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Resposta letra D

Na oração retirada do texto, o "se" é pronome reflexivo (fez-se pajem = fez a si próprio pajem). Isso acontece também em "Ele se reconheceu" (= Ele reconheceu a si mesmo).


Nas demais opções, temos: parte integrante do verbo (A), palavra expletiva ou de realce (B), pronome apassivador (C) e pronome indeterminador do sujeito (E)..

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