ENEM, perguntado por Marisouzagrossi3, 9 meses atrás

Cântico do Calvário

À memória de meu filho
Morto a 11 de dezembro de 1863

Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança!... eras a estrela

[...]
Eras a glória, a inspiração, a pátria,
O porvir de teu pai! – Ah! no entanto,
Pomba – varou-te a flecha do destino!
Astro – engoliu-te o temporal do norte!
Teto, caíste! Crença, já não vives!
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!

[...]
Inda te vejo pelas noites minhas,
Em meus dias sem luz vejo-te ainda,
Creio-te vivo, e morto te pranteio!...

[...]
Saudades e perpétuas, sinto o aroma
Do incenso das igrejas, ouço os cantos
Dos ministros de Deus que me repetem
Que não és mais da terra!...
E choro embalde!... Mas não!
Tu dormes no infinito seio
Do criador dos seres! Tu me falas
Na voz dos ventos, no chorar das aves,
Talvez das ondas no respiro flébil!
Tu me contemplas lá do céu, quem sabe?

[...]
Pois bem! Mostra-me as voltas do caminho!
Brilha e fulgura no azulado manto!
Mas não te arrojes, lágrima da noite,
Nas ondas nebulosas do ocidente!
Brilha e fulgura! Quando a morte fria,
Sobre mim sacudir o pó das asas,
Escada de Jacó serão teus raios
Por onde asinha subirá minh’alma.

VARELLA, F. Cântico do Calvário. In.: Poemas. Pará: Núcleo de Educação a distância.

O Ultrarromantismo foi um período marcado pela temática soturna. No poema exposto, esse aspecto está presente na

A
idealização dos cenários naturais criados por Deus.

B
palidez e languidez como ideal de beleza feminina.

C
crítica aos costumes corrompidos da elite brasileira.

D
esperança que o eu lírico tem de encontrar seu filho após a morte.

E
expectativa em viver bem, mesmo após a morte de um ente querido.

Soluções para a tarefa

Respondido por joansaulo34
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Resposta: Letra D

Explicação: O apego a religião dava uma certa esperança ao poeta de, quem sabe, encontrar seu filhinho depois da morte. Fagundes Varela apela para a crença numa vida pós-morte a fim de atenuar a sua dor, pois sem esperança ela seria insuportável. E termia assim:

“... Mas não! Tu dormes no infinito seio / Do criador dos seres!...

...Quando a morte fria / Sobre mim sacudir o pó das asas,

Escada de Jacó serão teus raios / Por onde asinha subira minh’alma.

O eu lírico diante da dor de perder o filho renega até os ideias ultrarromânticos a ponto de criar contraponto ao expressar desejo de encontrar o filho sob forma de raios que o conduzirá para um espaço "etéreo".

A religiosidade fica evidente nessa parte pois é a única forma de manter viva a esperança. Crer na vida após a morte. Eis único modo de poder ver o filho de novo

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