Canção de Chico Buarque
“Hoje você é quem manda
Falou tá falado, não tem discussão
A minha gente hoje anda falando de lado
E olhando pro chão
E você que inventou este estado
E inventou de inventar toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia...”
Interpretando o texto, constata-se que a canção de Chico Buarque:
A) Faz claramente referência a uma relação amorosaque não deu certo, por falta de diálogo e perdão.
B) Descreve o período do segundo governo Vargas (1951-1954), com o fechamento do Congresso Nacional, a incineração das
bandeiras dos estados, a prisão e a repressão aos comunistas.
C) Apresenta uma análise sobre a origem da propriedade privada, relacionada com a invenção da obscuridade, mantendo, porém, a
esperança na quebra dos laços de opressão.
D) Aborda as dificuldades econômicas enfrentadas pela população brasileira nos anos 60 e 70, época do chamado “milagre
econômico”, mantendo a esperança de dias melhores.
E) Protesta contra a repressão, a tortura e a censura, instauradas no país a partir de 1964, com o golpe militar, aludindo à esperança
em um futuro de democracia e liberdade.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Letra E: Protesta contra a repressão, a tortura e a censura, instauradas no país a partir de 1964, com o golpe militar, aludindo à esperança em um futuro de democracia e liberdade.
Explicação:
Durante o governo Costa e Silva & Médici houve uma intensificação da repressão e a adoção por alguns grupos de esquerda da luta armada contra o regime. A censura foi também intensificada, com o intuito de calar os opositores.
A canção em questão se chama "apesar de você". Trata de uma composição brilhante que traz uma referência a um momento muito violento da história brasileira: a ditadura militar.
Entre 1964 e 1985, o Brasil foi governado por generais do alto escalão das forças armadas. A expressão ditadura é utilizada corretamente para descrever tal período, uma vez que a democracia foi limitada, sobretudo em relação aos chefes do executivo estadual e nacional. Além disso, ocorreram uma série de interferências na mídia, proibindo a manifestação livre de ideias e também nas leis e nos processos legislativos, pois pessoas eram presas e condenadas sem julgamento e leis eram criadas pelo presidente por meio dos atos institucionais.
Ainda que alguns grupos da sociedade apoiavam o regime ditatorial, muitos outros também criticavam e insistiam para que os militares deixassem o poder.
Foi, principalmente, a classe artística e intelectual que conseguiu exercer muita influência contra a ditadura por meio de peças de teatro, de filmes, da literatura e, é claro, da música.
Entretanto, não era fácil expressar ideias naquele momento, principalmente se essas fossem favoráveis a democracia e a liberdade de pensamento. Havia um setor do governo responsável pela censura, ou seja, escolher a partir de critérios definidos pelos militares. O que eles consideravam prejudiciais a sua imagem ou que contrariasse suas posições ideológicas era imediatamente barrado, proibido e tirado de circulação.
Muitos artistas sofreram com a censura, inclusive Chico Buarque. Porém, insistiam em suas críticas, como fica claro na música analisada na questão. Fica claro que o eu lírico dialoga com os militares. Diz que, naquela circunstancia, eles que mandam; que os artistas vivem "falando de lado", ou seja, escondidos. E mais do que isso, diz que "amanhã há de ser outro dia", crente que sua manifestação e a dos outros vários grupos contrários à ditadura, seriam vitoriosos e que os generais deixariam o poder, como ocorreu em 1985.
Portanto, alternativa E. Não é a D porque não trata das questões econômicas, mas sim da expressão de ideias. Não é a C pois não se trata de uma discussão sobre a sociedade privada, o que é totalmente fora de contexto. Também não é a B pois o cantor em questão é contemporâneo ao regime militar e não a ditadura Vargas, que ocorreu anos antes. Finalmente, não é a A, uma vez que o eu lírico manifesta seu descontentamento em relação a expressão e não ao amor.