Cabeludinho: Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos. Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da palada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não desiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve/que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro. 1- Observe esta frase do texto: ''Ele foi estudar ni Rio e voltou de ateu'' A palavra ''ATEU'' é um adjetivo e significa '' aquele que não crê em DEUS'' a) Qual seria a construção normal dessa frase na norma-padrão? b) Que alteração de sentido corre com o uso da preposição DE junto á palavra ATEU?
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a) ele voltou ateu. b) é uma ironia ou deboche à escolha dele.
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