Português, perguntado por fylipe3, 11 meses atrás

CABELUDINHO

Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de pa lhaço. Minha avó entendia de regências verbais.

Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De ou tra feita, no meio da pelada um menino gritou:

Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um per fume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que traba bilhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lu gar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve/que eu não sei a ler.
Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro.
No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobre as dife.

rentes possibilidades de uso da língua e os sentidos que esses usos podem produzir, a exemplo das expressões "voltou de ateu", "disilimina esse" e "eu não sei a ler". Discorra sobre como Manuel de Barros compreende a linguagem cotidiana.​

Soluções para a tarefa

Respondido por Manuzinhafernandes
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Resposta:

Bom, na minha opinião, ele não crítica, ele vê poesia nas diferentes formas (erradas) de se falar.

Explicação:

Eu, particularmente, sempre achei muito feio aquelas crianças e adolescentes que ficam corrigindo os avós, pais e tals, acho falta de respeito, os meus avós são mineiros, eles falam muitas palavras diferentes e até erradas, e eu me sinto bem, confortável sabe, eles não vão ficar reparando se dominó o português ou não, vejo poesia nisso, um carinho especial, e da mesma forma, é assim que o autor vê..

Um beijo, bons estudos!

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