c) Por que a tanta insatisfação por parte dos trabalhadores mexicanos com as Industrias? R:
Soluções para a tarefa
Resposta:ta na explicação
Explicação:Preste atenção na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Um lugar por onde circulam 280 milhões de pessoas por ano; em que milhares de fábricas americanas se instalam do outro lado da divisa para ter mais lucros. É, ao mesmo tempo, o lugar onde se levanta um muro para bloquear a onda de imigrantes que se desloca do Terceiro Mundo para os Estados Unidos. Essa fronteira virou metáfora do capitalismo global contemporâneo, que se contradiz quando propõe a completa liberdade para capitais e mercadorias e a proibição da livre circulação dos trabalhadores. É onde se pode surpreender o neoliberalismo à vontade, expondo abertamente tanto o seu sucesso em acumular riquezas como sua negação em distribuí-Ia.
Se você olhar o mapa da fronteira entre os Estados Unidos e o México vai reparar que ela é imensa 3.140 km - desde o litoral do Oceano Pacífico, na Califórnia, até o Golfo do México, Oceano Atlântico. Atravessa a América do Norte em diagonal, de Oeste para Sudeste. Ao longo da linha fronteiriça localizam-se várias cidades, dos dois lados, como irmãs siamesas - San Diego (EUA) e Tijuana (México); Calexico e Mexicali; Nogales, Arizona e Nogales, Sonora; EI Paso e Ciudad Juárez; DeI Rio e Ciudad Acuña; Eagle Pass e Piedras Negras; Laredo e Nuevo Laredo; Mc Allen e Reynosa; Brownsvile e Matamoros...
Deve ser a fronteira mais movimentada do mundo. E se você quer ver como funciona o capitalismo global, ali é o lugar. Cerca de 3.650 empresas estrangeiras - as maquiladoras - se implantaram nas cidades mexicanas da fronteira e "extraem" diariamente a força de trabalho de 1 milhão de trabalhadores.
Maquiladora é o nome muito apropriado dado pelo povo mexicano a essas empresas porque elas recebem as peças, componentes, matérias-primas de fora e apenas fazem sua montagem, transformando-as em produtos terminados. O detalhe é que 98% das partes não são produzidas no México. Vêm dos Estados Unidos e da Ásia para serem montadas ali. Os produtos terminados atravessam a fronteira, recebem o selo Made in USA, e ganham o mundo. Por exemplo, aquela impressora Hewlett Packcard - deskjet 820 Cxi que você comprou com o selo Made in USA, tem peças de Taiwan, de Hong Kong ou Coréia do Sul e foi montada em Tijuana, numa maquiladora vizinha da fábrica da conhecida cerveja mexicana Tecate.
Corrida por salário baixo
Por que as empresas americanas se dão ao trabalho de mandar as peças para algumas centenas de metros além de seu território e depois trazer os produtos prontos de volta? Por que toda essa operação? Para se beneficiar dos salários dos trabalhadores mexicanos, um dos mais baixos do mundo. Um operário mexicano ganha 1 dólar e 47 centavos por hora. Um operário americano recebe 16,91 dólares. As indústrias americanas encontraram um jeito de importar trabalho mexicano, sem importar o trabalhador, empregando-o de acordo com os salários e leis trabalhistas vigentes no México.
Vantagens adicionais, mas não desprezíveis: é que assim fazendo escapam da forte pressão dos sindicatos de trabalhadores americanos e também evitam as exigências da legislação de defesa do meio ambiente dos Estados Unidos quanto ao tratamento ao lixo e rejeitos industriais, que aumentam os custos das indústrias. No México, os sindicatos são pelegos e controlados pelo governo. E a lei de meio ambiente fica mais frouxa a cada pressão americana. E tem mais: no programa "maquiladora" os empresários estrangeiros não pagam qualquer taxa alfandegária nem quando "exportam" as peças nem quando "importam" os produtos acabados.
É uma industrialização de enclave. Não tem nada a ver com a economia do México, não criou laços de complementaridade com a indústria mexicana propriamente dita, que está concentrada no interior do país, na região da capital e de Guadalajara. O setor maquiladora, embora localizado no México, é largamente dependente de decisões tomadas pelos executivos, consumidores e políticos nos Estados Unidos. E gera poucos benefícios para a parte da sociedade que está fora do enclave. Não era isso o que o governo mexicano esperava. E também não foi isso que o governo e as empresas americanas se comprometeram a fazer.