c) O mito da criação do mundo dos indios Dessâna é igual ao que sabemos sobre a criação dmundo cristã?
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Resposta:
Assim, o olhar para a mitologia dos índios brasileiros pode representar mais um importante caminho de conexão com o sagrado e lançar luz sobre a nossa busca por padrões e semelhanças que nos revelem um pouco mais sobre os mistérios da «criação», formação humana e da natureza, entre outros. O mito da criação dos índios Dessana do Alto Xingu, traz-nos, por exemplo, um pouco dessa inspiração e revela muitas semelhanças com outros mitos mais explorados. « Na sua morada de quartzo, enquanto mascava ipadu e fumava cigarro, começou a pensar em como deveria ser feito o mundo. Esses compartimentos tornaram-se casas, e só neles havia luz, como no compartimento de Yebá bëló.
A casa do primeiro trovão ficava no sul. A casa do quarto trovão ficava a oeste, no rio Apaporis. Yebá bëló, por sua vez, criou um ser invisível, Ëmëko sulãn Palãmin, e deu-lhe a ordem de fazer as camadas do universo e a futura humanidade. Yebá bëló formou a terra a partir de sementes de tabaco tirados de seu seio esquerdo e a adubou com o leite do seio direito.
Ëmëko sulãn Palãmin então, dirigiu-se para a casa do terceiro trovão e lá encontrou com o chefe dos Dessana e com o terceiro trovão. O trovão ensinou o rito para transformá-los em seres humanos. O trovão recomendou então, que cada um colhesse uma folha nova de ipadu de um pé que havia no pátio e a engolisse. Feito isso, o terceiro trovão decidiu acompanhá-los para ajudá-los a formar a futura humanidade».
« Uma mulher, Yebá bëló se fez a si mesma» – Os mitos sempre falam das águas primordiais e do nada de onde tudo surge, ou seja, a figura do Caos grego e que depois gera Gaia ou Bhrama que nascem deles mesmos. Yebá bëló depois que se cria, pensa em como deveria ser feito o mundo. O antigo Caibalion egípcio tem como um de seus aforismos a natureza mental do mundo – primeiro vem o pensamento, depois a manifestação. O próprio I Ching, no seu ciclo, tem o hexagrama Ch´ien, o criativo que representa a concepção ou a criação anterior a Chên que seria o impulso inicial da manifestação.
Este início da história já revela um razoável nível de complexidade teológica que parece em desacordo com a nossa usual imagem dos índios brasileiros como povos altamente primitivos. O pensamento de Yebá bëló começa a tomar a forma de uma esfera que culmina numa torre. Na ciência dos números, este movimento de criação é normalmente representado por um círculo inicial e logo após pelo surgimento de um ponto que seria análogo ao cone que Yebá bëló cria com o próprio pensamento. Quando Yebá bëló cria Ëmëko sulãn Palãmin, este se encarrega de criar o sistema solar.
Os trovões sentem ciúme, assim como os Titãs, simbolizando a sucessão de forças da natureza que vão sendo substituídas na sequência da manifestação. O universo se expande passo a passo, assim como os elementos vão surgindo e os filhos vão destronando os pais, assim como Zeus faz com Cronos. Na sequência da história, Yebá bëló cria a terra e a fertiliza a partir do seu próprio corpo. Da mesma forma, acontece com Tiamat da tradição mesopotâmica e com Yimir da tradição escandinava ou Gaia da tradição grega, só que no caso de Tiamat e Yimir, Marduk e Odin os mata para então utilizar o seu corpo na criação.
Ëmëko sulãn Palãmin, ao se encontrar com o chefe dos Dessana e o terceiro trovão para criar os seres humanos pode ser visto como a ancestralidade celeste que os Dessana reconhecem do seu povo, a exemplo das Dinastias tidas como Divinas no caso do Egito, Suméria, Babilônia, Japão, China e outros povos. São muitos os paralelos entre o mito da criação dos Dessana e o mito grego relatado por Hesíodo e em distintos mitos da criação.
ESPERO TER AJUDADO!!
Poderia dar-me a minha resposta como melhor se sim agradecia!