Bom tempo, sem tempo
Não chovia, meses a fio. Ou chovia demais.
As plantas secavam, os animais morriam, os
moradores emigravam. As plantas submergiam,
os animais morriam, as pessoas não tinham
tempo de emigrar. Assim era a vida naquele lugar
privilegiado, onde medrava tudo para todos,
havendo bom tempo. Mas não havia bom tempo.
Havia o exagero dos elementos.
O mágico chegou para reorganizar a vida, e
mandou que as chuvas cessassem.
Cessaram. Ordenou que a seca findasse.
Findou. Sobreveio um tempo temperado, ameno,
bom para tudo, e os moradores estranharam.
Assim também não é possível, diziam.
Podemos fazer tantas coisas boas ao
mesmo tempo que não há tempo para fazê-las.
Antes, quando estiava ou chovia um pouco - isto
é, no intervalo das grandes enchentes ou das
grandes secas -, a gente aproveitava para fazer
alguma coisa. Se o sol abrasava, podíamos fugir.
Se a água vinha em catadupa, os que escapavam
tinham o que contar. Quem voltasse do êxodo
vinha de alma nova. Quem sobrevivesse à
enchente era proclamado herói. Mas agora, tudo
normal, como aproveitar tantas condições
estupendas, se não temos capacidade para isto?
Queriam linchar o mágico, mas ele fugiu a
toda.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. São
Paulo, Record: 2006.
Glossário
Catadupa – cachoeira
Êxodo – emigração de todo um povo ou saída de
pessoas em massa.
O fato que motiva a história é
(A) a chegada do mágico.
(B) a falta de chuva.
(C) a chuva muito frequente.
(D) o mágico fugir correndo.
Soluções para a tarefa
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Resposta:
Letra (D) o mágico fugir correndo.
Respondido por
15
Resposta:
B falta de chuvas
Explicação:começo do texto
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