Filosofia, perguntado por 5kn7kbfg5z, 3 meses atrás

Banalidade do mal e o homem comum
A interpretação do Holocausto feita por Hannah Arendt é uma das mais conhecidas sobre esse trágico acontecimento. Filósofa alemã de origem judaica, foi contratada por uma revista estadunidense para acompanhar o julgamento de Eichmann. Ela deixou seu país natal ainda em 1933, logo depois de ter sido detida brevemente por denunciar o antissemitismo promovido pelo recém-empossado governo nazista.
Muitos esperavam que ficasse provado que Eichmann era um monstro sádico, um psicopata ou, no mínimo, um criminoso de guerra semelhante àqueles condenados pelo Tribunal de Nuremberg [...]
[...] Eichmann tentou defender-se alegando que, durante a guerra, agiu apenas no cumprimento das ordens de Hitler. Não se considerava culpado pelo extermínio, embora admitisse que dirigia o sistema de transporte de deportados para os campos alemães. [...] Admitiu ter sentido algum constrangimento com o genocídio, mas não se disse arrependido, pois nada lhe importava mais que a lealdade a Hitler.
Havia evidências de que ele participou de reuniões em que se decidiu o uso de câmaras de gás como método mais econômico para eliminar milhões de pessoas.
[...] Arendt chegou à conclusão de que Eichmann não era propriamente um monstro nem um psicopata, mas um homem comum. E é exatamente nessa constatação que reside o maior perigo para a humanidade, como o Holocausto tinha demonstrado ao mundo. Quando alguém administra o transporte de pessoas para um campo de extermínio indiferente ao sofrimento alheio, como se fosse uma tarefa comum, então todas as minorias correm sério risco.
Foi com base nessa ideia que a filósofa cunhou o conceito de banalidade do mal. No caso do Holocausto, a intolerância máxima do nazismo contra os judeus conjugou-se a um sentimento coletivo de indiferença diante do sofrimento humanos, não necessariamente ligado à ideologia nazista ou a alguma falha moral. Não havia, portanto, uma inspiração propriamente dita, mas as consequências dessa indiferença foram monstruosas. O mal se tornou banal, quase naturalizado. Os agentes do poder, desde os líderes até os executores das ordens, deixaram de distinguir o certo do errado do ponto de vista humanitário - ou pior, achavam que o mal era um bem.
A intolerância como mal
A intolerância vem sempre acompanhada da desqualificação do outro, da rejeição de indivíduos ou grupos e, no limite, da desumanização deles. A desumanização do outro pode ser vista, segundo Hanna Arendt, como um mal absoluto, pois leva à violência, ao assassinato e mesmo ao extermínio coletivo, considerados normais ou banais. Assim, o Holocausto seria resultado dos fatores

desumanizantes típicos do nazismo, como totalitarismo, antissemitismo e assassinato como norma burocrática do Estado.
Essa perspectiva pode ser ampliada para todo tipo de intolerância: racial, étnica, cultural, de gênero, de orientação sexual, ideológica e política. Em todos esses casos, os intolerantes tendem a tratar os outros como inimigos.
Atividade 1:
Escolha uma situação de intolerância no mundo contemporâneo e elabore um parágrafo argumentativo sobre como opera a intolerância na situação escolhida. Discutindo um conceito

Soluções para a tarefa

Respondido por gonccalvesboy
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a. O mal se expressa nos ditados populares, nos clichês, e Eichmann fugia destes.

Falso. De acordo com Hannah Arendt, Eichmann era um homem de clichês, não fugindo destes.

b. Eichmann era um bom pai de família, alemão exemplar que pensava por conta própria.

Falso. De acordo com Hannah Arendt, Eichmann não pensava por conta própria.

c. A banalidade de Eichmann não significa sua inocência e a banalidade não significa normalidade.

Correto. Banalidade não significa que Eichmann não era culpado pelos crimes que cometeu, mas que encontrava-se em um contexto onde as coisas não tinham significado para ele.

d. A burocracia deixa as pessoas entediadas e Eichmann procurou vencer esse tédio, conscientemente, fazendo coisas reprovadas pelos demais correligionários nazistas.

Falso. Eichmann encontrava-se em um contexto em que os nazistas consideravam normal tudo o que ele fazia.

e. Eichmann se destacava dos demais oficiais nazistas que o perseguiram e fizeram-no retornar à sua condição de homem comum, banal.

Falso. Eichmann foi sempre um homem comum, de acordo com Hannah Arendt.

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