Atualmente, o conflito entre ciência e religião é encarado como a única forma de relacionar os dois campos mencionados. Porém, através da história, é possível perceber que tal incompatibilidade é recente. A partir de 1860, um cientista liderou outros com o intuito de anular o crescente domínio do cristianismo. Qual foi este cientista e quais foram as atitudes que outros tomaram, em sucessão a ele?
Soluções para a tarefa
. Foi somente a partir de 1860 que pequenos grupos de cientistas, liderados por Thomas H. Huxley, organizaram-se com o propósito de acabar com domínio cultural do cristianismo, especialmente na Inglaterra.
Quer um exemplo? Você já ouviu contarem como Colombo teve de convencer os monarcas espanhóis de que ele não cairia no abismo se navegasse continuamente para o horizonte? Isso sempre soou como uma boa história, mas hoje os historiadores reconhecem que isso é um mito. Tal coisa nunca aconteceu.
E quem criou ou pelo menos popularizou essa fantasia foram justamente dois autores, John Draper e Andrew White, cujo propósito era desacreditar a religião para as pessoas. Eles afirmavam que os cientistas diziam que a terra era redonda, enquanto teólogos ensinavam que era quadrada. White, diga-se de passagem, fundou a universidade de Cornell, uma das primeiras instituições seculares de ensino da América.
Leis da natureza
Vídeo sobre relação entre ciência e religião:
Milênios antes de toda essa polêmica de ciências versus religião, homens religiosos já investigavam a natureza de um modo científico. Sacerdotes egípcios, chineses e babilônios desenvolveram tremendamente a matemática e a astronomia. É claro que eles não utilizavam o método científico, que seria sistematizado somente na modernidade. Contudo, ninguém pode negar o avanço que fizeram em descobrir importantes leis da natureza. Além disso, o próprio método científico se deveu ao trabalho pioneiro de religiosos islâmicos e posteriormente cristãos. A história confirma isso.
Aquela que chamamos de ciência moderna surgiu com a revolução intelectual ocorrida na Europa, a partir do século 16, e que mudou os modos de compreensão do mundo ocidental. As raízes dessa revolução, é claro, recuam a acontecimentos importantes que marcaram a transição da Idade Média para a Modernidade, especialmente o Renascimento, que tinha como principal conceito o racionalismo. Essa nova maneira de ver o mundo se tornou um desafio não necessariamente para a fé, mas para uma forma deturpada de religião da época que trocava até mesmo os ensinos da Bíblia por explicações dogmáticas de líderes da Igreja.
Tanto os clérigos, quanto a nobreza, valiam-se de tradições humanas e crendices que não tinham sentido lógico. Deixavam de lado os princípios bíblicos. O resultado foi um período de profundas trevas morais, espirituais e culturais para toda a Europa.
Existe hoje uma tendência de se questionar o negativismo em relação aos tempos medievais. Em 1908, o cientista e filósofo Pierre Duhem escreveu um tratado sobre a história da teoria física desde Platão até Copérnico. Na obra, Duhem mostra que, em todos os tempos, mesmo na Idade Média, houve homens que trabalharam diretamente com a ciência.
Isso é verdade, como também é verdade que sempre houve pessoas sinceras pregando a Bíblia, mesmo com o perigo de serem mortas por estarem contrariando as leis da igreja que proibiam aos leigos o contato direto com a Palavra de Deus.
Portanto, o que houve ali não foi um conflito entre fé e razão, mas a disputa de dois grupos religiosos: um majoritário que praticava abusos em nome de Deus e outro minoritário que defendia o direito racional humano! A inspiração do primeiro eram os dogmas e, do segundo, a Bíblia Sagrada. Foi exatamente desse segundo grupo que surgiram os pioneiros da ciência moderna.
Os pais da ciência despertaram seu intelecto porque ao olharem para a natureza entenderam que haveria outro modo de explicar a realidade, distinto do dogma. Mas nenhum deles deixou de crer num criador do universo. Viveram e morreram como verdadeiros homens de fé.
Aliás, foi graças à Bíblia e aos escritos de Aristóteles que esses homens começaram a lançar os fundamentos da ciência moderna. Seu desafio, repetimos, não era contra a Escritura Sagrada, mas contra as distorções da mensagem que ela apresentava.
Eles sabiam que a Bíblia não era um livro de ciências no sentido moderno da palavra. Contudo, não escondiam sua convicção de que seria a legítima Palavra de Deus.
É fato que há religiosos que odeiam a ciência e cientistas que odeiam a religião. Mas esse não parece ser o melhor caminho. Afinal, existem muitos religiosos que também são cientistas!
Tanto a religião quanto a ciência são tentativas humanas de encontrar respostas acerca da nossa própria existência. E Deus dá essas respostas, primeiramente pela Bíblia Sagrada, mas também através da natureza. Não todas as respostas, pois sempre haverá de ambos os lados, espaço para dúvidas, mistérios e novas descobertas.
Sem a orientação do Espírito de Deus, o estudo da Bíblia vira heresia e o estudo da natureza vira ateísmo. Mas sob a iluminação divina, ambos os estudos se conciliam. A diferença está apenas na linguagem que a ciência e a religião se expressam. A ideia é a mesma, apenas o jeito de expressar que não será exatamente igual.