Atividades de Português
CASO DE CANÁRIO Ano: 9
Carlos Drummond de Andrade
Casara-se havia duas semanias. Por isso, em casa dos sogros, a familia resolveu que ele é que daria cabo do canário: Você compreende.
Nenhum de nos teria coragem de sacrificar o pobrezinho, que nos deu tanta alegria.
Todos somos muito ligados a ele, seria uma barbaridade. Você é diferente, ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho.
Vai ver que nem reparou nele, durante o noivado. Mas eu também tenho coração, era essa. Como é que vou matar um pássaro so porque o conheço há menos tempo do que vocês? Porque não tem cura, o médico já disse. Pensa que não tentamos tudo? È para ele não sofrer mais e não aumentar o nosso sofrimento. Seja bom, và.
O sogro, a sogra apelaram no mesmo tom. Os olhos claros de sua mulher pediram-lhe com docura: -Vai, meu bem. Com repugnância pela obra de misericórdia que la praticar, ele aproximou-se da gaiola, O canario nem sequer abriu o olho. Jazia a um canto, arrepiado, morto-vivo.
E, esse está mesmo na última lona e doi ver a lenta agonia de um ser tão precioso, que viveu para cantar. - Primeiro me tragam um vidro de éter e algodão. Assim ele não sentirá o horror da coisa. Embebeu de éter a bolinha de algodão, tirou o canario para fora com infinita delicadeza, aconchegou-o na palma da mão esquerda e, olhando para outro lado, aplicou-lhe a bolinha no: bico.
Sempre sem olhar para a vitima, deu-lhe uma torcida rápida e leve, com dois dedos no pescoço. E saiu para a rua, pequenino por dentro, angustiado, achando a condição humana uma droga.
As pessoas da casa não quiseram aproximar-se do cadáver. Coube à cozinheira recolher a gaiola, para que sua vista não despertasse saudade e remorso em ninguém. Não havendo jardim para sepultar o corpo, depositou-o na lata de lixo. Chegou a hora de jantar, mas quem é que tinha fome naquela casa enlutada? O sacrificador, esse, ficara rodando por al, e seu desejo seria não voltar para casa nem para dentro de si mesmo. No dia seguinte, pela manhã, a cozinheira foi ajeitar a lata de lixo para o caminhão, e recebeu uma bicada voraz no dedo.-U! Não é que o canário tinha ressuscitado, perdão, reluzia vivinho da silva, com uma Ele estava precisando mesmo era de éter-concluiu o estrangulador, que se sentiu ressuscitar, por sua vez. fome danada?
ENTENDENDO O TEXTO:
1. Assinale a alternativa correta para cada item: A expressão:
daria cabo do canario. significa:
a .dar o canário a alguém
b. soltar o canario da gaiola
c. matar o canário
d. prender o canário na gaiola
2. Na frase: "Você ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho", a palavra em destaque pode ser substituida por:
a. apegar-se
c. desencantar-se
b.enfurecer-se
d. preocupar-se
3. Na frase: "Com repugnància pela obra de misericórdia que la praticar...", a palavra em destaque pode ser substituida por:
a. escrupulo
b. tedio
c.ansiedade
d.raiva.
4. Na frase: "O canáriojazia a um canto.. a palavra em destaque pode ser substituida por:
a. cantava
d. saltitava
b. arreplava-se
c.estava deitado
5. Na frase: "Tirou o canário com infinita delicadeza...", a palavra em destaque pode ser substituída por:
a. () arrogante
b. () enorme
c) desajeitado
d. () espontánea
6. Por que que os sogros e a esposa escolheram o rapaz para sacrificar o canário?
7. O que a genro quis dizer com a frase: "Mas eu também tenho coração.
8. Por que a familia decidiu matar o canário de estimação?
9. Por que o jovem marido considerou o sacrificio do canário como uma obra de misericordia?
10. Como procedeu ele para matar o canário?
11. Transcreva do texto a frase que mostra o estado de espirito do personagem depois que executou o passarinho.
12. As expressões sepultar e enlutada referem-se normalmente à morte de pessoas. Por que o narrador as empregou referindo-se ao canário?
13. Como você entende a expressão "voltar para dentro de si mesmo?
14. Na crônica, não aparece o nome do personagem escolhido para matar o canário. Retire do texto as palavras empregadas para se referir a ele.
15. Como se explica o fato de o canário estar vivo?
16. Por que o personagem, no final, também se sentiu ressuscitado?
Soluções para a tarefa
1 CARGO: AGENTE ADMINISTRATIVO CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DA PARAÍBA INSTRUÇÕES: VERIFIQUE SE ESTE CADERNO: Corresponde a sua opção de cargo. Contém 50 (cinquenta) questões, numeradas de 01 a 50, caso contrário, reclame ao fiscal da sala um outro caderno. NÃO serão aceitas reclamações posteriores. Para cada questão existe apenas UMA resposta certa. Você deve ler cuidadosamente cada uma das questões e escolher a resposta certa. A alternativa escolhida deve ser marcada na FOLHA DE RESPOSTAS que você recebeu. VOCÊ DEVE: Procurar na FOLHA DE RESPOSTAS, o número da questão que você está respondendo. Verificar no caderno de prova qual a letra (A, B, C, D, E) da resposta que você escolheu. Marcar essa letra na FOLHA DE RESPOSTAS, conforme o exemplo: [ ]. ATENÇÃO: Marque as respostas com caneta esferográfica azul ou preta. Marque apenas uma letra para cada questão, mais de uma letra assinalada implicará nota zero à questão. Não será permitida qualquer espécie de consulta, nem o uso de máquina calculadora. Você terá 4 (quatro) horas para responder a todas as questão e preencher a folha de respostas. Devolva esse caderno de prova ao aplicador, juntamente com a sua folha de respostas. Proibida a divulgação ou impressão parcial ou total da presente prova. Direitos Reservados. COREN/PB 1
2 I. LÍNGUA PORTUGUESA (1 A 10) Leia a crônica a seguir: Casa de canário Casara-se havia duas semanas. Por isso, em casa dos sogros, a família resolveu que ele é que daria cabo do canário: - Você compreende. Nenhum de nós teria coragem de sacrificar o pobrezinho, que nos deu tanta alegria. Todos somos muito ligados a ele, seria uma barbaridade. Você é diferente, ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho. Vai ver que nem reparou nele, durante o noivado. - Mas eu também tenho coração, ora essa. Como é que vou matar um pássaro só porque o conheço há menos tempo do que vocês? - Porque não tem cura, o médico já disse. Pensa que não tentamos tudo? É para ele não sofrer mais e não aumentar o nosso sofrimento. Seja bom; vá. O sogro, a sogra apelaram no mesmo tom. Os olhos claros de sua mulher pediram-lhe com doçura: - Vai, meu bem. Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar, ele aproximou-se da gaiola. O canário nem sequer abriu o olho. Jazia a um canto, arrepiado, morto-vivo. É, esse está mesmo na última lona, e dói ver a lenta agonia de um ser tão gracioso, que viveu para cantar. - Primeiro me tragam um vidro de éter, e algodão. Assim ele não sentirá o horror da coisa. Embebeu de éter a bolinha de algodão, tirou o canário para fora com infinita delicadeza, aconchegouo na palma da mão esquerda e, olhando para outro lado, aplicou-lhe a bolinha no bico. Sempre sem olhar para a vítima, deu-lhe uma torcida rápida e leve, com dois dedos no pescoço. E saiu para a rua, pequenino por dentro, angustiado, achando a condição humana uma droga. As pessoas da casa não quiseram aproximar-se do cadáver. Coube à cozinheira recolher a gaiola, para que sua vista não despertasse saudade e remorso em ninguém. Não havendo jardim para sepultar o corpo, depositou-o na lata do lixo. Chegou a hora de jantar, mas quem é que tinha fome naquela casa enlutada? O sacrificador, esse, ficara rodando por aí, e seu desejo seria não voltar para casa nem para dentro de si mesmo. No dia seguinte, pela manhã, a cozinheira foi ajeitar a lata de lixo para o caminhão, e recebeu uma bicada voraz no dedo. - Ui! Não é que o canário tinha ressuscitado, perdão, reluzia vivinho da vida, com uma fome danada? - Ele estava precisando mesmo era de éter concluiu o estrangulador, que se sentiu ressuscitar por sua vez. Carlos Drummond de Andrade 1. De acordo com o texto lido, marque a única alternativa falsa. a) A pessoa escolhida para sacrificar o pássaro era o recém-chegado na família. b) O marido da filha da casa foi escolhido para execução porque ainda não tinha laços de aproximação com o pobre passarinho. c) Todos estavam tristes, inclusive o executor do canário, pois ele, embora não tivesse tido tempo para gostar do bicho, não conseguia entender a crueldade humana de matar outro ser vivo. d) O animal de estimação sofria de uma doença, segundo o médico, que só podia ser curada com éter. e) A família se enlutou à toa, pois o pássaro tinha passado dessa para uma melhor, mas ressuscitou um dia depois de sua suposta morte 2. Ao longo de toda a crônica, percebemos as falas dos personagens através da ocorrência de: a) dois pontos. b) travessões. c) pontos. d) aspas. e) pontos de interrogação. 3. Observe o fragmento do texto: Embebeu de éter a bolinha de algodão, tirou o canário para fora com infinita delicadeza, aconchegou-o na palma da mão esquerda e, olhando para outro lado, aplicou-lhe a bolinha no bico. Nesse fragmento, o autor utiliza o advérbio fora. Implicitamente, ele quer dizer que tirou o canário para fora: a) de casa. b) do convívio com a família. c) da gaiola. d) da família cujo lar também lhe pertencia. e) daquele sofrimento que o acometia. 4. A partir das fr