ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO
Navio negreiro
Castro Alves
I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
(...)
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
(...)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
O Rappa
Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina alí
De frente àquela praça
Veio os homens
E nos pararam
Documento por favor
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam
Qual é, negão? qual é, negão?
O que que tá pegando?
Qual é, negão? qual é, negão?
É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
Pra passar na revista
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
(...)
_________________________________
1. A partir da canção do Rappa, responda:
A) Qual a situação cotidiana descrita no início da letra?
B) Em que momento surge a referência à questão racial?
2. Por que se pode afirmar que “É mole de ver/ Que em qualquer dura/ O tempo passa mais lento pro negão”?
3. Pensando na relação entre a canção e o célebre poema condoreiro de Castro Alves, explique os versos:
A) “Quem segurava com força a chibata/ Agora usa farda/ Engatilha a macaca”
B) “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
4. Agora compare a abordagem dos textos. Analise qual deles é mais apelativo e emocional e qual seria mais crítico. Justifique com fragmentos dos textos.
5. A letra da canção chama atenção para a crueldade do racismo e para a dificuldade de transpor essa barreira. Cite e comente sobre, ao menos, duas personalidades negras de relevo em nossa sociedade.
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Kakakakakakkakakakakak
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