Português, perguntado por numtemnomeaaaaa, 6 meses atrás

ATIVIDADE 3

Leiam o trecho abaixo, extraído do Capítulo XII

Helena ouvira o médico sem olhar para ele; quando ele acabou, fitou-o admirada e curiosa. A puerilidade da pergunta era tão evidente que a moça procurou ler no rosto do interlocutor o pensamento verdadeiro e oculto. [...]Camargo apressou-se a explicar-se.

— Estácio, disse ele, pode amar Eugênia com ideias matrimoniais; mas também pode não passar isto de um capítulo de romance, como o que se lê em uma viagem da Corte a Niterói. O caráter é sério; o coração tem leis especiais. Confesso que o procedimento de Estácio nada me afirma a tal respeito. Há nele umas mudanças pouco explicáveis. O tempo decorrido é mais que muito suficiente para que... Está refletindo?

— Estou.

— E...

— Suponho que pede mais do que me disse. Quer que eu indague a tal respeito as intenções de Estácio?

— Isso.

— Mas por que não se dirige a ele mesmo?

— Não havia inconveniente; estabeleceu-se, porém, que um pai não deve ser o primeiro a falar em tais coisas. E preciso respeitar a dignidade paterna. Acresce que Estácio é rico, e tal circunstância podia fazer supor de minha parte um sentimento de cobiça, que está longe de meu coração. Podia falar a D. Úrsula; creio, porém, que ela não tem a sua habilidade, e... por que o não direi? a sua influência no espírito de Estácio.

— Eu!

— Oh! influência incontestável! A senhora veio completar a alma de seu irmão. É visível a afeição e o respeito que ele lhe tem. Demais, em tais assuntos uma irmã natural confidente e conselheira.

Helena deu três pancadinhas no joelho com a ponta do leque e enfiou os olhos pela porta de comunicação entre aquela e a sala principal. Depois voltou-se para o médico.

— Sei que eles se amam, disse ela, e já dei a minha opinião tal respeito. Eugênia parece ser minha amiga; meu irmão é meu irmão; desejo-lhes todas as felicidades. Há, porém, um limite à intervenção de uma irmã; e não desejo ir além. Demais, seu pedido é ocioso.

— Por quê?

— Anuncie a viagem, e Estácio se apressará a pedir-lhe sua filha. Se o não fizer, é porque a não ama, conforme ela merece, e em tal caso mais vale perder um casamento do que o fazer mal.

— Sim? perguntou Camargo.

— Naturalmente.

— O conselho é excelente, disse o médico depois de um instante, mas tem o defeito substancial de suprimir a sua intervenção, que me é necessária. Vejamos o meio de combinar as coisas. Suponhamos que, anunciada a viagem, Estácio não corresponde às minhas esperanças. Que devo fazer?

— Embarcar.

— Embarcar é arriscar o casamento. Ora, este casamento é um de meus sonhos. Desejo que os filhos continuem a afeição dos pais. Se Estácio recuar, minhas esperanças esvaem-se como fumo; o tempo cavará um abismo entre os dois; Eugênia amará outro... Enfim, conto com a senhora.

— Comigo?

— A senhora tem uma força de resolução, uma fertilidade de expedientes, um espírito capaz de empresas delicadas; e, tratando-se da felicidade de um irmão, creio que empenhará todas as forças para levar a cabo a mais pura das ambições. Não lhe peço um absurdo, peço-lhe a felicidade de minha filha.

Helena não respondeu; olhou de revés para ele, e cravou depois os olhos na águia branca tecida no tapete, sobre o qual pousava o pé impaciente e colérico. Podia referir mais detidamente qual o seu papel junto de Estácio, a respeito de Eugênia, os pedidos que lhe fez, e a promessa do irmão, que deveria ser cumprida, se o fosse, em algum dos seguintes dias. Mas, nem quis dar esperanças que os acontecimentos podiam dissipar, nem o coração lhe consentia mais larga confidência. Ambos eles viam que se detestavam cordialmente; mas, se em Helena havia cólera abafada, em Camargo havia tranquilidade e observação. Ele contemplava a moça, com o olhar fixo e metálico dos gatos; a mão esquerda, pousada sobre o joelho, rufava com os dedos magros e peludos. Nada dizia; todo ele era uma interrogação imperiosa. Helena olhou ainda uma vez para o médico.

— Dá-me o seu braço até à sala? perguntou.

Camargo sorriu.

— Só isso? Eu dizia comigo outra coisa.

— Que dizia então? perguntou Helena.

— Dizia que muito se devia esperar da dedicação de uma moça, que acha meio de visitar às seis horas da manhã uma casa velha e pobre, não tão pobre que a não adorne garridamente uma flâmula azul...

(Machado de ASSIS, Helena, cap. XII)

Respondam, de maneira completa, ao que se pede:

1) A descrição de Helena e Camargo na cena contribui para evidenciar a relação conflituosa entre eles. A que se deve esse conflito?

2) Qual o medo de Camargo?

3) Ao longo da narrativa (não só nesse capítulo), Camargo demonstra não gostar de Helena. Citem dois motivos para esse sentimento do médico em relação à protagonista.

Soluções para a tarefa

Respondido por 11soldado011
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Resposta:

qual tua turma do Sesi? kakakak


numtemnomeaaaaa: nono b
numtemnomeaaaaa: kkaakkaakk
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