As vantagens da morte
Luiz Ruffato
Ouvi um toc-toc-toc, virei de lado, tentava pegar
no sono, calor e pernilongos, ouvi de novo
o toc-toc-toc, levantei, escancarei a janela e
deparei com meu irmão montado em sua Gärick
preta com frisos dourados, segundo andar do
prédio do conjunto habitacional onde morava,
perguntando, daquele jeito bonachoso: Vai me
deixar muito tempo aqui fora ainda, Tiquim?
Ele pousou dentro do quarto sem dificuldade,
abriu o descanso, estacionou a bicicleta num
canto - E aí, como vão as coisas? Foi quando
notei que eu estava bem mais velho que ele,
ele havia morrido com vinte e dois anos, um
negócio esquisito, chegou da fábrica, trabalhava
de torneiro mecânico na Manufatora, falou que
não estava sentindo bem, jogou na cama de
roupa e tudo, a mãe ainda perguntou se queria
tomar um chá de boldo, disse que não, queria
apenas dormir um pouco, deitou, dormiu, não
acordou mais, e fiquei com a sensação de que
uma manhã eu ia despertar e lá estaria ele na
cozinha tomando café, enfiado no macacão
fedendo a graxa, pronto pra ir pra fábrica, mas os
anos passaram, ele não levantou mais. E agora
reaparece, como não tivessem decorrido trinta
anos, a cara ainda com marcas de espinhas, o
cabelo emplastrado de brylcreem? - E aí, como
vão as coisas?
[...]
a ideia chave do texto é,?
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
Resposta:
morrer e perder a vida não é verdade tô certo
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