As sociedades ocidentais entendem os conceitos de natureza e cultura como dois polos exteriores e opostos, tendo como correlatos outros pares hierárquicos, tais como animal-humano, primitivo-civilizado, objeto-sujeito, etc.
Atualmente, vive-se uma crise ambiental e climática que impõe uma série de desafios. Medições mostram que a temperatura média na Antártica subiu três graus desde os anos 1950, o que acelerou significativamente o degelo das geleiras da península. Recentemente, a Floresta Amazônica registrou alto crescimento no índice de desmatamento, em grande parte provocado por queimadas em prol das atividades agropecuárias. Isso tem colocado em risco o ecossistema, bem como as populações indígenas e tradicionais que habitam a região e cuja identidade e modo de vida são fortemente atrelados à floresta.
Pergunta:
De posse desses dados, coloque-se na posição de professor de Geografia de uma turma do terceiro ano do Ensino Médio em uma escola pública. Indique como você desenvolveria com seus alunos a explicação sobre a relação entre natureza e cultura e a crise ambiental que se vive hoje. Fomente a criação de alternativas para esse cenário, tendo como base as contribuições da Virada Ontológica na Antropologia.
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Soluções para a tarefa
Resposta:
A explicação deve passar pelo entendimento de que fenômenos como a mudança climática são produtos da ação humana. Mais precisamente, são produtos de um modelo de produção e consumo, modelo que trata a água, o solo, o ar e a terra como recursos a serem explorados de forma ilimitada. Isso reflete uma matriz de pensamento que organiza o mundo por intermédio de um sistema dualista que contrapõe a natureza à cultura, o animal ao humano, o primitivo ao civilizado, etc. A crise ambiental evidencia a falência desse paradigma e coloca a necessidade de superar a dissociação entre natureza e cultura, assim como os seus pares correlatos. É urgente a criação de uma visão de mundo que reconecte o que se buscou dissociar – daí a importância das cosmologias indígenas, para as quais os dualismos não fazem sentido. Sendo assim, a construção de alternativas junto aos estudantes deve passar pelo reconhecimento das contribuições dessas sociedades, as quais foram, por muito tempo, classificadas como primitivas e, ainda hoje, lidam com as consequências do colonialismo.