As sátiras políticas foram um importante recurso de contestação e crítica durante o período imperial. Pormeio do exagero, do escárnio e da criação de situações ridículas, os desenhistas transmitiam aos leitoresdos periódicos sua crítica acerca da situação política e social do país. As charges reproduzidas a seguirforam publicadas no periódico Cabrião, impresso na cidade de São Paulo nos anos de 1866 e 1867. Pararesponder às próximas questões, analise-as e relacione-as ao que foi estudado no capítulo e ao texto his-toriográfico que segue. O voto, segundo a Carta Constitucional de 1824, era oral e a descoberto: “o votante dava pessoalmente os nomes das pessoas em quem queria votar aos secretários das mesas paroquiais (mesas de votação), os quais formavam com ele a cédula que, depois de lida, era assinada pelo votante com uma cruz”. Tal situação “advinha por um lado da noção corrente na época de que o voto constituía um ato público e uma forma de o eleitor manter abertamente suas opiniões, embora, na verdade, funcionasse como uma forma de controlar o voto. Por outro lado, respondia a uma questão prática, na medida em que o direito de voto se estendia aos analfabetos”. É preciso considerar que, mesmo entre a elite agrária, a maioria dos indivíduos era analfabeta.Quanto ao controle do voto, ele era possível graças à força das mesas eleitorais, que fizeram da fraudee da corrupção uma prática constante nas eleições brasileiras. Dada a falta de leis precisas sobre ostrabalhos eleitorais, cabia às mesas determinar quem estava qualificado ao pleito e isto no mesmo diada eleição, além de ser responsável pela apuração dos votos, o que, de certa forma, já dirigia o resultado eleitoral.A composição da mesa eleitoral dava-se da seguinte forma:“o presidente da assembleia (que deveria ser um juiz de fora) juntamente com o pároco propunham àmassa do povo, reunida na matriz, quatro cidadãos de ‘confiança pública’ – dois para serem secretários edois para escrutinadores – que, se aprovados por aclamação do povo, formariam com eles a mesa eleito-ral. Por este processo de composição da mesa, pouco se poderia esperar da neutralidade dos trabalhoseleitorais, pois, na verdade, quem determinava a escolha dos cidadãos que preencheriam as funções damesa eleitoral, cabendo à multidão apenas referendá-los ou não, eram o presidente e o pároco, ambosfiguras ligadas ao governo. E assim as eleições se faziam, aceitando à mesa o voto de quem queria erecusando outros a pretexto de falta de condições legais, iniciando e terminando a votação no momentoque lhe aprouvesse, e apurando os votos como lhe convinha”.(Trechos de KINZO, Maria D’Alva Gil. Representação política e sistema eleitoral no Brasil.São Paulo: Símbolo, 1980. p. 51 e 70.)a) Descreva os elementos de cada charge.b) Quais as práticas representadas nas duas imagens?c) Para produzir o efeito humorístico desejado, as charges articulam linguagem verbal e não verbal. Iden-tifique, em cada uma das charges, os elementos verbais e não verbais que se articulam para produzir a sátira.d) O que é possível supor quando percebemos a presença de diferentes tipos de armas na primeira charge?e) Em sua análise da segunda charge, o que a figura do indígena está representando?f) De acordo com o texto de Maria Kinzo, por que o sistema eleitoral permitia fraudes e corrupções?
Anexos:
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a) Na primeira charge há um político em uma barraca de vendas, negociando mercadorias em troca de votos; na segunda, a venda de títulos de nobreza em uma botica, com homens carregando sacos de dinheiro para comprar o título que lhes agrada. No chão, um índio esconde-se, aparentemente em humilhação e vergonha.
b) Na primeira charge, a compra de votos; na segunda, a compra de títulos.
c) Na primeira charge os elementos verbais são o cartaz: "Bazar eleitoral (não se fia)", e os caixotes com cédulas eleitorais que se trocam por favores e mercadorias. A linguagem não verbal é a tenda armada, como em uma feira, e as armas penduradas como mercadoria.
Na segunda charge há também o título da botica: "Ministerio do Imperio - Vendas a Dinheiro", e os produtos que são vendidos ("títulos de nobreza..."). Os elementos não verbais são a exposição de medalhas e títulos ao fundo, a troca de um saco de dinheiro por uma medalha, o índio prostrado no chão.
d) A presença das armas significa um sistema eleitoral corrupto, que emprega de coerção e violência para angariar votos.
e) Como dito anteriormente, o índio está claramente envergonhado por essa corrupção de valores.
f) O sistema permitia fraudes primeiro porque os votos eram dados oralmente, segundo porque a mesa eleitoral era escolhida por figuras ligadas ao governo e decidia na hora se a pessoa era apta ao pleito ou não.
b) Na primeira charge, a compra de votos; na segunda, a compra de títulos.
c) Na primeira charge os elementos verbais são o cartaz: "Bazar eleitoral (não se fia)", e os caixotes com cédulas eleitorais que se trocam por favores e mercadorias. A linguagem não verbal é a tenda armada, como em uma feira, e as armas penduradas como mercadoria.
Na segunda charge há também o título da botica: "Ministerio do Imperio - Vendas a Dinheiro", e os produtos que são vendidos ("títulos de nobreza..."). Os elementos não verbais são a exposição de medalhas e títulos ao fundo, a troca de um saco de dinheiro por uma medalha, o índio prostrado no chão.
d) A presença das armas significa um sistema eleitoral corrupto, que emprega de coerção e violência para angariar votos.
e) Como dito anteriormente, o índio está claramente envergonhado por essa corrupção de valores.
f) O sistema permitia fraudes primeiro porque os votos eram dados oralmente, segundo porque a mesa eleitoral era escolhida por figuras ligadas ao governo e decidia na hora se a pessoa era apta ao pleito ou não.
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