As pessoas que defendem o pastoral e a volta ao primitivo nunca se lembram, nas suas rapsódias à vida rústica, dos insetos. Sempre que ouço alguém descrever, extasiado, as delícias de um acampamento - ah, dormir no chão, fazer fogo com gravetos e ir ao banheiro atrás do arbusto me espanto um pouco mais com a variedade humana. Somos todos da mesma espécie, mas o que encanta uns horrorizam outros. Sou dos horrorizados com a privação deliberada. Muitas gerações contribuíram com seu sacrificio e seu engenho para que eu não precisasse fazer mais nada atrás do arbusto. Me sentiria um ingrato fazendo. E a verdade é que, mesmo pare quem não tem os meus preconceitos, as delicias do primitivo nunca são exatamente como as descrevem. Aquela legendaria casa à beira de uma praia escondida onde a civilização ainda não chegou, ou chegou mas foi corrida pelo vento, e onde tudo é bom e puro, não existe. E se existe, nunca é bem assim. Um paraíso! Não há nem um armazém por perto. Que dizer, não há acesso à aspirina, fósforos ou qualquer tipo de leitura, salvo, talvez, metade de uma revista Cigarra de 1948, deixada pelos últimos ocupantes da casa quando foram carregados pelos mosquitos. A gente dorme ouvindo o barulho do mar... E de animais terrestres e anfibios tentando entrar na casa para morder o seu pé. E, se morder, você morre. O antibiótico mais próximo fica a 100 quilômetros está com a data vencida. Não. Fico na cidade. A máxima concessão que faço à vida natural, no verão, são as bermudas. E, assim mesmo, longas. Muito curtas e já é um começo de volta à selva. (VERÍSSIMO,Luís Fernando. Comédias para se ler na escola,p. 103 e 104.) 1- De acordo com o texto, o autor gosta ou não de acampamentos? 2 - Quais os argumentos ele usa para nos convencer que a vida no mato não é lá assim tão boa? 3- Qual é a máxima concessão que o autor diz fazer à vida natural?
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sabe essa aí me ajuda por favor
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