História, perguntado por deny13silva13, 7 meses atrás

as mulheres não podiam votar ou se candidatar para cargos politicos no inicio da republica brasileira. como elas conseguiram participar da politica no Brasil?

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Respondido por BiaTol
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Resposta:

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Explicação:

O governador do estado na época – José Augusto Bezerra de Medeiros – sancionou a lei nº 660, que no seu artigo 77 determinou que pudessem votar e ser votados, sem distinção de sexo, todos os cidadãos que reunissem as condições exigidas. Tal vitória contou com a participação ativa da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) e de um de seus aliados mais atuantes, Juvenal Lamartine. A notícia correu o mundo e tanto a Federação quanto Juvenal receberam  telegramas e cartas comemorando o fato.

O movimento sufragista surgiu como uma resposta direta à exclusão das mulheres da política, arena na qual as leis são feitas.   Algumas mulheres passaram a acreditar que as muitas desigualdades legais, econômicas e educacionais – contra as quais se confrontavam – jamais seriam corrigidas enquanto os homens não tivessem que prestar contas a um eleitorado feminino. Assim, resolveram se unir para, juntas, lutarem por seus direitos. O que distinguiu o movimento, em todas as partes em que ocorreu, era que mulheres, de diferentes classes, raças, de graus de instrução e riqueza das mais diversas, se uniram em torno do mesmo objetivo, pois apesar das diferenças todas eram iguais na exclusão do mundo político.

A conquista do voto era percebida por essas mulheres como um meio para atingir outros fins e não como um fim em si. Nesse sentido, o movimento sufragista brasileiro fez parte de um interesse específico das mulheres que, como um grupo organizado, tinham uma demanda em especial: o reconhecimento da sua cidadania através do direito de votar e serem votadas. Em 1910, foi formada, na capital federal, a primeira associação feminina no Brasil com este intuito – liderada pela professora e indigenista Leolinda de Figueiredo Daltro – o Partido Republicano Feminino.

No início da década de 1920 foi fundada outra associação, a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher (LEIM) que, em 1922, teve reformada seus estatutos e foi rebatizada como Federação Brasileira das Ligas pelo Progresso Feminino e, posteriormente, Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Em seus estatutos, a associação destacava que um de seus propósitos era: “assegurar à mulher os direitos políticos que a nossa Constituição lhe confere e prepará-la para o exercício inteligente desses direitos”. Bertha Maria Julia Lutz– uma das principais idealizadoras e fundadoras da FBPF – trabalhou de forma incansável para garantir tal direito. Para tanto, ela procurou se aliar ao movimento feminista internacional e a figuras politicas da época para dar mais legitimidade e força para a sua associação. (para uma explanação mais pormenorizada sobre a fundação da FPBF consultar (KARAWEJCZYK, 2018)

Bertha Lutz procurou, por exemplo, inspiração e conselhos com Carrie Chapman Catt – uma das maiores líderes do movimento feminista internacional na época – e desde 1922 elas trocavam cartas nas quais mostravam empatia e solidariedade. De forma que Bertha procurou adequar sua associação para alcançar a tão almejada igualdade política. Mudar a mentalidade em favor da participação da mulher nas “cousas públicas” passou a ser uma das principais metas da entidade.

Desde antes da implantação da República, mulheres apareceram contestando o seu lugar no mundo público, sofrendo as mais variadas críticas e admoestações. A permanência e a insistência de um tipo de argumento baseado na incapacidade feminina para lidar com o mundo público e político é encontrado em vários momentos da nossa história. Piadas, charges e zombarias das mais diversas eram utilizadas como uma forma de inibir/desacreditar/humilhar as mulheres que procuravam se inserir no espaço público e tiveram ampla difusão na imprensa do país. Na época do Império, por exemplo, em 1879, a revista Diabo a Quatro escolheu ilustrar uma de suas capas com a evocativa imagem da “verdadeira mulher”, enquanto nas suas páginas internas procurou, em tons jocosos, denegrir o que chamou de "Emancipação da mulher". Já na República, tais argumentos mantêm sua força, sendo amplamente divulgados através de imagens e textos, todos insistindo que o lugar feminino no mundo deveria ser restrito ao lar e ao cuidado com os filhos. Assim, tentar mudar os costumes que restringiam o papel feminino ao mundo doméstico tornou-se uma das principais barreiras que deveriam ser vencidas por aquelas que desejavam participar das lides eleitorais.  

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