AS MAIS BELAS COISAS DO MUNDO - Valter Hugo Mãe
O meu avô sempre dizia que o melhor da vida haveria de ser ainda um mistério e que o
importante era seguir procurando. Estar vivo é procurar, explicava.
Quase usava lupas e binóculos, mapas e ferramentas de escavação, igual a um detetive
cheio de trabalho e talentos. Tinha o ar de um caçador de tesouros e, de todo o modo, os seus
olhos reluziam de uma riqueza profunda. Percebíamos isso no seu abraço. Eu dizia: dentro do
abraço do avô. Porque ele se tornava uma casa inteira e acolhia-nos. Abraçar assim, talvez
porque sou magro e ainda pequeno, é para mim um mistério tremendo.
Eu sei que ele queria chamar a atenção para a importância de aprender. Explicava
sempre que aprender é mudar de conduta, fazer melhor. Quem sabe melhor e continua a
cometer o mesmo erro não aprendeu nada, apenas acedeu à informação. Ele achava que
dispomos de informação suficiente para termos uma conduta mais cuidada. Elogiava
insistentemente o cuidado.
Era um detetive de interiores, queria dizer, inspecionava sobretudo sentimentos.
Quando lhe perguntei porquê, ele respondeu que só assim se falava verdadeiramente acerca
da felicidade. Para estudar o coração das pessoas é preciso um cuidado cirúrgico.
Estava constantemente a pedir-me que prestasse atenção. Se prestares atenção, vês
corações e podes tirar medidas à felicidade. Como se houvesse uma fita métrica para isso.
Propunha que desvendasse adivinhas e dilemas. Propunha que desvendasse labirínticas
lógicas. Prometia-me um novo livro ou um caderno com marcadores amarelos e vermelhos, os
meus favoritos. Prometia que, se eu descobrisse cada resposta, me daria outro abraço ainda
mais apertado e sempre mais amigo. Por melhores que fossem os cadernos, o orgulho que
sentia naqueles abraços era a vitória, eles eram a fita métrica da sua amizade por mim.
De cada vez que a nossa cabeça resolve um problema aumentamos de tamanho.
Podemos chegar a ser gigantes, cheios de lonjuras por dentro, dimensões distintas, países
inteiros de ideias e coisas imaginárias.
Eu queria ser sagaz, ter perspicácia, estar sempre inspirado. O meu avô pedia que não
me desiludisse. Quem se desilude morre por dentro. Dizia: É urgente viver encantado. O
encanto é a única cura possível para a inevitável tristeza. Havia, às vezes, um momento em
que discutíamos a tristeza. Era fundamental sabermos que aconteceria e que implicaria uma
força maior. [...]
Adaptado de MÃE, Valter Hugo. As mais belas coisas do mundo. Rio de Janeiro: Biblioteca Azul,
2019.
1. O texto é um trecho do livro de Valter Hugo Mãe, como você leu na fonte. É um texto em prosa, organizado em parágrafos. Como é o narrador do texto?
2. Para o avô do menino, o que era o melhor da vida?
3. A que o avô é comparado no segundo parágrafo? Explique a associação.
4. Por que o menino dizia “dentro do abraço do avô” ?
5. No trecho “Eu sei que ELE queria chamar a atenção para a importância de aprender”, o que o pronome substitui?
marianaapugacev:
oi, sem o texto é impossivel responder as questoes, poderia mandar uma foto?
Soluções para a tarefa
Respondido por
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Resposta:
1 - o narrador do texto é uma criança, escrito em primeira pessoa
2 - o avô do menino dizia que "haveria de ser ainda um mistério e que o importante era seguir procurando."
3 - "igual a um detetive cheio de trabalho e talentos." o menino o compara assim baseado na visão sobre o avô,que só faltava usar lupas e binóculos, mapas e ferramentas de escavação.
4- pois, ele explica: "Porque ele se tornava uma casa inteira e acolhia-nos."
5 - o pronome substitui a palavra avô, pois "ele" se refere ao avô do menino.
Explicação:
espero ter ajudado ;)
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