“As leis, enquanto categorias de inteligibilidade repousam num conceito de causalidade escolhido, não arbitrariamente, entre os oferecidos pela física aristotélica. Aristóteles distingue quatro tipos de causa: a causa material, a causa formal, a causa eficiente e a causa final. As leis da ciência moderna são um tipo de causa formal que privilegia o como funciona das coisas em detrimento de qual o agente ou qual o fim das coisas. É por esta via que o conhecimento científico rompe com o conhecimento do senso comum. É que, enquanto no senso comum, e portanto no conhecimento prático em que ele se traduz, a causa e a intenção convivem sem problemas, na ciência a determinação da causa formal obtém-se com a expulsão da intenção. É este tipo de causa formal que permite prever e, portanto, intervir no real e que, em última instância, permite à ciência moderna responder à pergunta sobre os fundamentos do seu rigor e da sua verdade com o elenco dos seus êxitos na manipulação e na transformação do real. (Santos, Boaventura dc Sousa Um discurso sobre as ciências / Boaventura de Sousa Santos. — 5. ed. - São Paulo : Cortez, 2008. ps 29,30)
Pensando no que lemos acima, como podemos pensar as ciências humanas e sua polissemia? É possível formular leis – como as apresentadas acima- quando falamos em fenômenos sociais? E, sem leis é possível fazer uma ciência confiável?
Soluções para a tarefa
As Ciências Humanas, que são polissêmicas (ou seja, possuem diversos sentidos possíveis), podem ser compreendidas neste sentido como incapazes de produzir leis que seguem o mesmo modelo e a mesma função das ciências naturais, já que os fenômenos sociais, diferente dos fenômenos naturais, não são mecanicistas e nem possuem apenas um sentido.
Isto não quer dizer que não se possa, contudo, produzir conhecimento sobre os fenômenos sociais, só que são conhecimentos de tipos diferentes. Se a ciência natural explica o "como", mas não é capaz de lidar com as razões e as consequências, as ciências humanas possibilitam entender as causas estruturas por trás de um fenômeno social e quantificá-lo, sendo pautada não pela certeza matemática, mas pela probabilidade.