As interações entre os falantes atendem, em princípio, ao propósito da comunicação baseado na troca de informações. Esse propósito é regido por regras de conversação subordinadas ao princípio de cooperação mútua – aquilo que é indagado é respondido. No entanto, é preciso reconhecer que um diálogo não é necessariamente linear ou se baseia estritamente na relação direta pergunta-resposta.
As intenções dos falantes podem manipular os rumos de uma conversação de modo a explicitar ou ocultar uma informação que foi solicitada. Isso significa que o falante pode não responder diretamente ao que lhe foi perguntado, mas, por meio de aspectos pragmáticos atrelados ao contexto de fala – a situação em que o diálogo ocorre –, ele pode manter o andamento da interação ou ainda satisfazer o propósito informacional em questão.
Durante a análise desses dados, as regras conversacionais, o princípio de cooperação e o contexto de fala chamaram a sua atenção:
a) No diálogo A, o locutor 1 indaga há quantos anos o seu interlocutor mora no Rio de Janeiro. Identifique se o locutor 2 atendeu estritamente às expectativas do locutor 1 e proponha uma análise para o processo comunicativo presente nessa interação. Você pode contemplar as regras conversacionais, o princípio de cooperação ou o contexto de fala.
b) Já no diálogo B, o locutor 1 interpela seu interlocutor 2 sobre uma possível amizade com uma pessoa, um administrador da cidade, provavelmente na expectativa de obter uma resposta afirmativa ou negativa. Identifique se o locutor 2 atendeu estritamente às expectativas do locutor 2 e proponha uma análise para o processo comunicativo presente nessa interação. Aqui você também pode contemplar as regras conversacionais, o princípio de cooperação ou o contexto de fala.
c) Com base nas análises propostas nos desafios (a) e (b), o que se pode concluir sobre os aspectos pragmáticos de contexto presentes na comunicação humana?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Explicação:
A) Sim, entendeu. Na imagem podemos perceber isso, pois ele respondeu corretamente o que foi proposto, ao falar com o locutor 1. No entanto, o outro locutor foi que não entendeu corretamente a resposta.
B) Não entendeu, na imagem podemos ver que o locutor dois passou despercebido, pois o locutor 1 queria tirar um dúvida e o 2 além de não entender não tirou a dúvida.
C) Que para haver comunicação corretamente é preciso que os locutores se entendam. Pois se não há um entendimento sobre o assunto não há como se comunicar corretamente.
Resposta:
Padrão de resposta esperado
a) Diante do questionamento, o locutor 2 afirmou que morou a vida inteira no Rio de Janeiro. No entanto, essa informação, por ser genérica, não parece ter atendido satisfatoriamente às expectativas do locutor 1. Para garantir a compreensão da resposta que lhe foi ofertada, o locutor 1 recorreu a uma nova pergunta (“Nasceu aqui?”), que foi afirmativamente respondida. Nessa ocasião, o locutor sinalizou que atingiu um nível satisfatório de compreensão: “está ok…”. Fica claro que nessa conversação o princípio de cooperação não é diretamente respeitado por uma das partes – o locutor 2 –, mas isso não impediu que a informação requisitada fosse obtida, uma vez que o locutor 1 recorreu a uma nova pergunta para induzir à resposta esperada.
b) O locutor 2 não respondeu diretamente ao questionamento que foi colocado, que poderia provavelmente ser atendido por uma resposta afirmativa ou negativa. No entanto, ao informar que precisa dar um telefonema para essa pessoa, torna-se possível inferir que há um nível de relacionamento entre ambos. Desse modo, o locutor 1 consegue supor, pelo contexto de fala, que a informação fornecida sinaliza uma resposta afirmativa para a sua pergunta. Nesse diálogo as regras de cooperação também não são diretamente respeitadas, mas não há um empecilho que compromete o andamento do diálogo uma vez que uma das partes consegue inferir, pelo contexto, a mensagem implícita.
c) A partir dos trechos analisados, é possível depreender que os processos comunicativos não seguem uma ordem linear e previsível. As motivações e intenções dos falantes atuam nas interações de modo a, porventura, não seguir o que é preconizado pelas regras conversacionais. Mesmo assim, esses fatores não impedem necessariamente a compreensão do que foi indagado; pelo contexto de fala e por meio de recursos linguísticos, torna-se possível inferir informações.