as escolas de samba e o Carnaval carioca passaram a se tornar uma importante atividade comercial a partir da década de 1960. quem foram os investidores e colaboradores do carnaval do Rio de Janeiro de 1960?
Soluções para a tarefa
O carnaval começou há milhares de anos, mas só atingiu a harmonia perfeita há menos de um século, no Rio de Janeiro, quando encontrou suas protagonistas ideais: as escolas de samba. Ao surgirem, as primeiras escolas aproveitavam os festejos de Momo para desfilar pelas ruas da cidade de maneira espontânea e amadora. A evolução desses desfiles resultou na maior festa popular do planeta, um espetáculo midiático e luxuoso.
Hoje, essas agremiações são consideradas Patrimônio Cultural Carioca e a passagem delas pelo Sambódromo é vista por milhões de pessoas em todo o mundo. Antes delas, no entanto, os carnavais já eram muito bem celebrados pelos cariocas. Vale a pena fazer tal qual as baterias das escolas e executar um recuo (no tempo) para saber como os desfiles se tornaram o que são.
Destaques de uma outra avenida
Na comissão de frente da história dos desfiles carnavalescos destacam-se os corsos, as grandes sociedades e os ranchos, que no início do século XX alegravam os foliões e ocupavam o principal palco de então: a Avenida Central, atual Rio Branco. Havia também blocos e cordões que se apresentavam em ruas secundárias e de maneira menos organizada. Muitas das escolas mais famosas começaram dessa maneira.
Os corsos e as grandes sociedades, de origem europeia e surgidos em meados do século XIX, representavam a folia da alta sociedade, com suas fantasias luxuosas. O desfile de automóveis dos corsos saía aos domingos, enquanto as grandes sociedades e seus carros alegóricos passavam às terças-feiras.
Desfile de corsos no carnaval de 1920 (Foto: Augusto Malta/ Acervo Museu da Imagem e do Som)A fundação do primeiro rancho do Rio, o Reis de Ouro, foi em 1894, quando o militar Hilário Jovino Ferreira adaptou de sua Bahia natal as procissões realizadas durante o Dia de Reis. Essa manifestação logo caiu no gosto popular e se multiplicou, atraindo famílias e representando o lado popular da festa. Os cortejos, caracterizados pelas fantasias e músicas feitas especialmente para a ocasião, aconteciam nas segundas-feiras.
A trilha sonora que embalava esses desfiles era bem diferente do samba-enredo, gênero que nem existia na época. As pessoas cantavam os principais sucessos do ano anterior, muitas vezes em versões adaptadas para a polca ou o maxixe. Os ranchos eram animados pelas marchas-rancho, canções de andamento lento cujas grandes referências são Ó Abre-Alas, de Chiquinha Gonzaga, e As Pastorinhas, de Noel Rosa e Braguinha.
Antes das escolas, o samba
O samba começou a se associar ao carnaval em 1917, quando Pelo Telefone se tornou o grande sucesso da folia daquele ano. Reconhecido como “o primeiro samba”, a música de Donga e Mauro de Almeida, na verdade, não foi a primeira composição identificada como tal, mas certamente foi a primeira a cair nas graças do público.
A partir daí, o ritmo passou a se popularizar, ainda pelas camadas mais pobres da população, mas com força suficiente para se espalhar por vários pontos do Rio. Um desses pontos foi o bairro do Estácio, onde, em meados da década de 1920, uma turma liderada por Ismael Silva, Bide e Nilton Bastos criou uma nova cadência para o samba, mais apropriada para dançar e acompanhar os desfiles de rua. Esse “samba de sambar” foi logo compartilhado com grupos de outros cantos da cidade, como o bairro de Oswaldo Cruz e os morros da Mangueira e do Salgueiro.
Essa mesma turma do Estácio fundou, em 1928, a Deixa Falar, considerada a primeira escola de samba da história, embora haja registros de alguns blocos que, nos anos anteriores, já se autodenominassem como tal. A versão mais aceita para a origem do termo “escola de samba” se deve à proximidade entre a sede da Deixa Falar e a Escola Normal, nas cercanias do Largo do Estácio. Enquanto a tradicional instituição formava mestres, a nova se encarregaria de formar professores de samba.
Concurso de sambas
Em 20 de janeiro de 1929, a Deixa Falar participou do primeiro concurso de sambas, ao lado do Conjunto Carnavalesco de Oswaldo Cruz e do bloco Estação Primeira, que mais tarde dariam origem à Portela e à Mangueira, respectivamente. Idealizado pelo mangueirense Zé Espinguela, o certame foi precursor da competição que surgiria entre as escolas e teve como vencedor o pessoal de Oswaldo Cruz.
Nesse tempo, os blocos/escolas desfilavam durante o carnaval pelas ruas próximas a suas sedes e na região da Praça Onze. Alguns elementos de sua estrutura foram copiados dos ranchos, como as figuras do mestre-sala, da porta-bandeira e do mestre de harmonia. Um trecho do livro Paulo da Portela: Traço de União entre Duas Culturas, de Lygia Santos e Marília Barboza da Silva, descreve uma apresentação da Portela na década de 1920 e ajuda a visualizar os primórdios de um desfile:
A Praça Onze em sua configuração original: palco dos primeiros desfiles.(Foto: Augusto Malta/ Coleção Gilberto Ferrez/ Instituto Moreira Salles)