Pedagogia, perguntado por blucianer44, 7 meses atrás

As concepções que temos sobre o desenvolvimento infantil podem ser reconhecidas por meio do que? me ajudem por favor​

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Respondido por LaislaSharon
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Resposta:

Desde seu nascimento, a criança integra-se em um mundo de significados construídos historicamente e interage com ele inspirandose em modelos de seu meio social. De acordo com Durkheim (1973), os fatos sociais precedem o indivíduo e possuem existência própria, são externos a ele e estão além de seu controle e vontade, uma vez que a sociedade e todos os seus padrões já estão postos quando o indivíduo nasce. A criança, ao inserir-se na sociedade, adapta-se às regras dos fatos sociais de sua época e ao contexto sociocultural específico. Considerando o homem um ser social e a grande diversidade cultural existente nas sociedades, a criança foi percebida e tratada de formas distintas. Em cada contexto e época, foram construídos diferentes significados em relação à criança e ao seu papel social, produzindo-se imensa diversidade de concepções e percepções sobre a infância. As representações de infância da atualidade têm origem em um processo cultural, histórico, político, econômico, social e ideológico construído nas sociedades.

A criança na Antiguidade

Segundo Jaeger (2001), na Grécia antiga, o pai era a autoridade máxima, e a família da criança era seu referencial em relação à educação, à cultura, à saúde, à formação moral e à estrutura psicológica. Na Roma antiga, a família era, para a criança, sua base educacional e cultural. Enfatizava-se a formação do caráter moral dos indivíduos como elemento de diferenciação entre uma pessoa e outra. Segundo Conrad (2000), Aristóteles considera a criança incapaz de usar o pensamento e o raciocínio para alcançar a virtude. Ele vê a infância como maléfica e desastrosa, uma doença que requer cuidados especiais e educação para o futuro, sendo a criança incapaz e inoperante, cujo valor estava no potencial de desenvolvimento da infância. A criança torna-se indivíduo apenas quando atinge a idade adulta, e a infância seria uma fase em que ainda não há identidade, capacidade de discernimento para tomar decisões e pensamento autônomo. Essa fase necessita ser rapidamente superada para que o indivíduo ganhe autonomia e adentre o universo adulto, tornando-se apto para tomar decisões.

A criança na Idade Média

Nessa época, a adolescência e a infância eram confundidas, não havendo a distinção de um limite etário que as separasse. Ariès (1975) ressalta que a 'descoberta da infância'' começou no século XIII, pois, até o século XII, a arte da Idade Média (pinturas, quadros, retratos, iconografias, etc.) desconhecia ou não tentava representar a infância; esse era um tema ausente na produção artística da época. Quando surge a reprodução da criança em pinturas, ela aparece exatamente como um adulto em tamanho reduzido, e sua altura e proporção eram os únicos traços que as diferenciavam. Havia grande indiferença e descaso em relação às crianças que morriam. Pelo grande índice de mortalidade infantil, a morte prematura já era prevista pelas famílias e rapidamente assimilada. Segundo Ariès, não se considerava que a criança fosse dotada de personalidade e alma, e ela vestia-se com trajes idênticos aos dos adultos, confundindose com estes em ambientes públicos e privados. A preocupação era somente o status social e a hierarquia, e as roupas de crianças e adultos distinguiam sua classe social. Na sociedade medieval, não havia consciência das particularidades da criança pela ausência de um tratamento próprio dirigido a elas, o que não significa que fossem desprezadas, abandonadas ou maltratadas por seus responsáveis. Segundo Áries (1975), surgem modelos de representação das crianças e da infância como o anjo, o menino Jesus e a criança nua. A imagem da Virgem com o menino Jesus no colo inspirou artistas da época, sendo referência para a reflexão sobre a maternidade e espelho para as famílias, que associavam a imagem à sua vida doméstica e idealizavam o papel da mãe. Posteriormente, começa-se a reproduzir a criança em multidões sempre acompanhadas dos pais, sugerindo uma imagem de dependência e de fragilidade. Os artistas destacavam os traços característicos da criança, diferenciando-a dos adultos.

A criança na Modernidade

Na Modernidade, ocorrem significativas mudanças nas concepções sobre a criança e a infância, com grande ênfase e preocupação quanto à educação e à moral, que influenciaram o pensamento dos séculos posteriores. Ariès utiliza a expressão sentimento da infância, que se refere às percepções que se constroem a respeito da criança e da infância, assim como à forma de tratá-las e de considerá-las. Ariès salienta que, a partir do século XVI, é atribuído à criança um traje reservado à sua idade (antigos trajes que os adultos haviam abandonado há muito tempo), que a diferenciava dos adultos. A adoção de um traje peculiar à infância, que se tornou geral nas classes altas no fim do século XVI, marca um período importante na formação do sentimento da infância, pela constituição de um grupo esteticamente separado dos adultos.

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