Geografia, perguntado por cezareverton717, 1 ano atrás

as comunidades que se espalham pelo país transmitem de geração para geração, conhecimentos de uso de plantas para fins medicinais, corantes, cosméticos, entre outras finalidades.
Qual a importância dessas comunidades para a preservação do patrimônio cultural e natural de um povo?

Soluções para a tarefa

Respondido por Eliasneto2018
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A flora brasileira possui a maior biodiversidade do planeta, com mais de 55 mil espécies de plantas e 10 mil de briófitas, fungos e algas, um total equivalente a quase 25% de todas as espécies de plantas existentes no mundo. Isso transforma a flora do País em objeto de cobiça da indústria farmacêutica, interessada nas propriedades medicinais das plantas. Os primeiros habitantes das terras brasileiras - os índios - já conheciam o poder terapêutico de muitas plantas. Os povos que colonizaram o Brasil também trouxeram contribuições que, passadas de geração em geração, resultaram no acúmulo de um vasto acervo de conhecimentos sobre manejo e uso de plantas medicinais.

Vista inicialmente com ceticismo e associada à crendice, a medicina tradicional despertou a atenção da comunidade científica depois de comprovadas as qualidades das plantas no tratamento de inúmeras doenças. No Rio de Janeiro, 108 grupos de vários municípios produzem remédios com ervas medicinais de maneira voluntária. Desde 2000, formam a Rede Fitovida com o objetivo de trocar conhecimentos e buscar soluções conjuntas. É um movimento sem filiação partidária ou religiosa, cujas características principais são o trabalho voluntário e a venda de preparações medicamentosas a preço baixo. O trabalho é feito por mulheres com mais de 50 anos de idade, de camadas populares, que se reúnem em cozinhas comunitárias.

Essas mulheres já atuavam no ambiente familiar, orientando vizinhos e vendendo os medicamentos - xaropes, unguentos, sabonetes, xampus, tinturas - feitos com ervas medicinais. À medida que passaram a se organizar em grupos e em rede, começaram a atuar também no espaço público, com atendimentos voluntários em saúde preventiva. A transição, que contou com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), modificou o modo de trabalho e transmissão do conhecimento e valorizou a figura das mulheres mais velhas como detentoras de saber.

"A Rede Fitovida é uma rede de solidariedade que vai além dos conhecimentos fitoterápicos", relata Letícia Viana, antropóloga do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, que acompanhou de perto o trabalho. O grupo pediu a ajuda do Iphan para enfrentar alguns problemas. Primeiro: a fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo: propriedade intelectual. O temor era que alguém registrasse a patente das ervas utilizadas no preparo dos remédios, aproveitando-se do conhecimento tradicional, de domínio público. Ao registrar esses saberes, o Iphan reconhece o valor cultural e legitima que esses saberes são coletivos, o que de alguma maneira facilita a convivência com a fiscalização e também dificulta o registro de propriedade sobre os conhecimentos tradicionais.

O trabalho do Iphan com a Rede Fitovida teve o objetivo de orientar os grupos para a realização de um inventário. "Eles identificaram os saberes e aplicações terapêuticas dos produtos, uniram o que era comum entre eles. O mais importante foi a participação dos integrantes na dinâmica de elaborar os produtos: chás, xaropes, garrafadas, pomadas, sabão medicinal. Foram detalhados os modos de fazer. A capacidade de interação e articulação para produzir o material para o inventário foi ótima. Realizamos reuniões com os membros da rede para prepará-los para a pesquisa", explica Letícia Viana.

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