ARTIGO: Pandemia se soma a graves problemas já enfrentados pelos povos indígenas e profissionais que cuidam deles
Por Carmem Pankararu* e Antônio Alves de Souza
Sindicato dos Profissionais e Trabalhadores da Saúde Indígena (Sindicopsi)
*Conselheira Nacional de Saúde
Terça, 07 de Julho de 2020
Os índios do Brasil viveram séculos na invisibilidade. Apesar de terem atravessado caminhos de mortes e de cicatrizes não curadas, pouco se fala na história de vida real desses povos, que foram dizimados por doenças introduzidas pelos invasores portugueses e outros: dentre elas, gripe, varíola, sarampo. Com o coronavírus (Covid-19) não está sendo diferente. Faltam aos povos indígenas o essencial: sistemas de saneamento básico nas aldeias, com oferta de água potável em quantidade e qualidade, um dos itens mais importantes para a prevenção do coronavírus. Falta também a garantia da produção de alimentos saudáveis nas aldeias, que, em contraponto, vem sendo substituída pela distribuição de cestas básicas, que nem sempre contêm os itens de primeira necessidade, tampouco respeitam os costumes alimentares das diferentes etnias. A distribuição dessas cestas por pessoas estranhas às comunidades aumenta os riscos de contaminação.
Um outro fator determinante são as características das moradias, cuja maioria não apresenta condições adequadas para o acolhimento de uma pessoa que necessite permanecer em isolamento social. Na prática, as moradias são coletivas, com poucas estruturas, a maioria sem divisão em cômodos, com cozinhas coletivas, uso de redes e do fogo como forma de aquecimento. Isso dificulta a diferenciação entre sintomas respiratórios de uma síndrome gripal e daqueles produzidos pela fumaça, as quais também são usadas nos rituais de cura, considerando a vida, os costumes e as tradições. A pandemia de Covid-19 é um problema sanitário grave que vem se somar a outros problemas cotidianos.
Na atual situação, o que poderia amenizar o adoecimento dos povos indígenas seria a adoção de medidas de isolamento social nas aldeias, apoiadas pelo governo federal, com a formação de barreiras sanitárias, com a participação dos profissionais de saúde, funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) e com participação de lideranças indígenas e do controle social, inclusive com a presença de órgãos de segurança federais e estaduais, para impedir as visitas clandestinas e indesejadas de invasores das terras indígenas.
Outra medida importante é a adoção do processo de quarentena para as pessoas que se desloquem de outras áreas para as aldeias, incluindo os moradores da própria aldeia ou os trabalhadores e as trabalhadoras da saúde indígena ou de outras áreas. Para essa medida ser efetivada, é importante que as estruturas de uso coletivo nas aldeias, sejam elas postos de saúde, escolas, igrejas, casas de rezas, estejam submetidas a um processo de desinfecção, servindo, inclusive, para isolamento de pacientes contaminados.
É importante ressaltar o crescimento da contaminação nas aldeias devido ao deslocamento para a área urbana em busca do saque do auxílio emergencial. O governo precisa adotar estratégias para pagamento dos benefícios diretamente nas comunidades ou em locais mais próximos delas para evitar o fluxo para as zonas urbanas, situação que vem se agravando porque famílias inteiras permanecem nas cidades aguardando o beneficio, favorecendo a propagação do vírus, que vem vitimando principalmente os anciãos detentores dos conhecimentos tradicionais.
Atividade:
1. Quem são os autores deste artigo? Quando ele foi publicado?
2. Após a leitura do texto, faça uma lista dos problemas atuais enfrentados pelos povos indígenas que são destacados no texto.
3. O que tem sido feito para amenizar o impacto do covid-19 nas aldeias indígenas de acordo com com o artigo?
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tu colocou o livro enteiro
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