Após assistir a aula "Arte literária", leia o que diz o narrador do conhecido conto "O gato preto", de Edgar Allan Poe. Analise o excerto e assinale a afirmativa INCORRETA:
Não espero nem peço que se dê crédito à história sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica que vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa, tratando-se de um caso que os meus próprios sentidos se negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e, com toda a certeza, não sonho. Mas amanhã morro e, por isso, gostaria, hoje, de aliviar o meu espírito. Meu propósito imediato é apresentar ao mundo, clara e sucintamente, mas sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Devido a suas consequências, tais acontecimentos me aterrorizaram, torturaram e destruíram. No entanto, não tentarei esclarecê-los. Em mim, quase não produziram outra coisa senão horror ? mas, em muitas pessoas, talvez lhes pareçam menos terríveis que grotesco. Talvez, mais tarde, haja alguma inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum - uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que, a minha, que perceba, nas circunstâncias a que me refiro com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais.
POE, Edgar Allan. O gato preto. In:_. Histórias extraordinárias.
Tradução: Breno Silveira e outros. São Paulo:
Abril Cultural, 1978. (Fragmento)
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ALTERNATIVAS O narrador começa declarando que os leitores acreditarão na história que ele vai contar, pois a história é extraordinária. Apesar de caracterizar sua história como "extraordinária", ele afirma: "Não obstante, não estou louco e, com toda a certeza, não sonho". O narrador imagina não ser possível que o leitor acredite em sua história, mesmo tendo certeza de que os fatos ocorridos não são frutos de sua imaginação. Quando o narrador declara sobre "uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável", ele refere-se ao leitor. O pacto entre o leitor e o texto é produzido para que a literatura tenha liberdade ficcional.