Saúde, perguntado por marciaeffgen96, 10 meses atrás

Após a vinda de D. João VI no Brasil, começaram a chegar os primeiros médicos de Portugal. Foi Fundado na Bahia a primeira escola de Medicina do país. Quais as ocorrências acontecidas após este fato?

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Respondido por Douglasc54
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Atuação e Participação em Movimentos Sociais

Na época da independência, entre setembro de 1822 e março de 1824, a então Academia Médico-Cirúrgica da Bahia permaneceu fechada devido à sua ocupação pelos lusos, quando alguns de seus membros se envolveram na guerra de independência como Antônio José de Sousa Aguiar (um dos primeiros alunos da então Escola de Cirurgia da Bahia), que prestou seus serviços como cirurgião às forças baianas, e o porteiro Joaquim Pereira Borba.

Entre novembro de 1837 e março de 1838, a instituição novamente teve seu funcionamento suspenso em decorrência do movimento de caráter separatista e republicano, que ficou conhecido pelo nome de Sabinada. A origem desse nome deveu-se ao lente Francisco Sabino Alves da Rocha Vieira, um dos principais articuladores do movimento, tendo sido escolhido Secretário do Governo e Ministro dos Negócios Estrangeiros da Província rebelada. Sabino era cirurgião aprovado pela Academia Médico-Cirúrgica da Bahia e, como lente substituto concursado, desempenhava as funções de preparador de anatomia e tesoureiro da então Faculdade de Medicina da Bahia. Além de Sabino, participaram do movimento os lentes de física e de medicina legal Vicente Ferreira de Magalhães e João Francisco de Almeida, respectivamente, e alguns alunos da referida instituição. Contudo, Sabino foi o único preso e condenado.

Na época das epidemias de febre amarela (1850) e de cólera-morbo (1855) que atingiram a Bahia, os professores e acadêmicos prestaram assistência sistemática às vítimas destacando-se os lentes Vicente Ferreira de Magalhães, (física), Jonathas Abbott (anatomia descritiva), Manuel Maurício Rebouças (botânica e zoologia) e Antônio José Alves (pai do poeta Castro Alves, professor de clínica cirúrgica) entre outros.

Durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), catedráticos como Joaquim Antonio de Oliveira Botelho (matéria médica e terapêutica) e Francisco Rodrigues da Silva (química mineral), e mais de 40 alunos dos quarto, quinto e sexto anos participaram da assistência aos soldados feridos e doentes, sendo muitos destes professores e acadêmicos condecorados com a Ordem de Cristo ou da Rosa. Alguns desses alunos ocupariam mais tarde a cátedra e/ou cargos como presidentes de província do Império, senadores e deputados. A Faculdade por sua vez, sofreu um surto de renovação que se deu a partir de estudos e observações que foram publicados na Gazeta Médica da Bahia.

A atuação da Faculdade de Medicina e Farmácia da Bahia destacou-se também no período da revolta de Canudos (1896-1897). Esse movimento místico ocorreu no sertão baiano, sendo chefiado pelo beato Antônio Conselheiro, que se dizia enviado por Deus e pregava a volta da monarquia recentemente extinta. Diante da solicitação do Presidente do Estado da Bahia, Conselheiro Luiz Viana, dirigida aos membros da Faculdade para colaborarem no atendimento aos feridos, cerca de 60 estudantes de séries diversas dos cursos médico, farmacêutico e odontológico, estiveram presentes no campo de luta auxiliando nos hospitais de sangue os médicos militares responsáveis. Foram instalados diversos hospitais pela cidade de Salvador, sendo um deles dentro da Escola baiana, o Hospital Virschow com várias enfermarias visando prestar assistência às forças legalistas. Cada uma das enfermarias era dirigida por um professor. Nesta ocasião, foram utilizados pela primeira vez no Brasil os sistemas de radioscopia e radiografia para localizar os projetis de armas de fogo em ferimentos de guerra e proceder ao tratamento cirúrgico. Alfredo Thomé de Britto, professor de clínica propedêutica na época, em viagem à Europa trouxera os aparelhos que possibilitariam a aplicação clínica dos raios Roenthgen (nome do físico alemão que os descobriu), que ficariam conhecidos posteriormente, como raios X. Foi criado um gabinete anexo ao da clínica propedêutica para aplicação dos raios e o assistente João Américo Garcez Fróes ficou responsável pelos serviços cirúrgicos instalados no prédio da Faculdade (TORRES, 1946). Entre outros professores da instituição baiana que participaram no atendimento aos feridos, destacaram-se Juliano Moreira, Raimundo Nina Rodrigues, Deocleciano Ramos, Climério Cardoso de Oliveira, Augusto Cézar Vianna, José Carneiro de Campos, Aurélio Rodrigues Vianna, Francisco Bráulio Pereira (SILVA, 1995).

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