Português, perguntado por kakausalazario, 9 meses atrás

Apesar de tudo isso, o rosto largo e anguloso do homem, de onde os olhos azuis-claro
radiavam como que um sorriso de luminosa ironia e compreensivo perdão, erguia-se, inta
distante, numa serena dignidade.
Era assim, ao que se via, o seu natural comportamento de caminhar pela cidade.
Alheado, mas condescendente, seguia pelo centro do passeio com a distraída seguranca
um milionário que obviamente se está nas tintas para quem passa. Não só por educação, ma
também pelo simples motivo de ter mais e melhor em que pensar.
O que não sucedia aos transeuntes. Os quais, incrédulos ao primeiro relance, se desviavam
obliquos, da deambulante causa do seu espanto. E à vista do que lhes parecia um homem liure
de sujeições, senhor de si próprio em qualquer circunstância e lugar, logo, por contraste. The
ocorriam todos os problemas, todos os compadrios, todas as obrigações que os enrodilhavam
E sempre submersos de prepotências, sempre humilhados e sempre a fingir que nada disso lhes
acontecia.
Num instante, embora se desconhecessem, aliviava-os a unânime má vontade contra quem
tão vincadamente os afrontava em plena rua. Pronta, a vingança surgia. Falavam dos sapatos
cambados, do fato de remendos, do ridículo chapéu. Consolava-os imaginar os frios, as chuvas
e as fomes que o homem havia de sofrer. Entretanto, alguém disse:
- Vê-se com cada sujeito.
Um senhor vestido de escuro, de pasta negra e luzidia, colocada ostensivamente ao alto e bem
segura sob o braço arqueado, murmurou azedamente:
- Que beneficio trará tal criatura à sociedade?
- Devia era ser proibido que gente desta (classe) andasse pelas ruas da cidade - murmurou.
escandalizada, uma velha senhora a outra velha senhora de igual modo escandalizada. E assim,
resmungando, se dispersavam, cada um as suas obrigações, aos seus problemas. Sem dar por
tal, o homem seguia adiante.
Junto dos Restauradores, a esplanada atraiu-lhe a atenção. De cabeça inclinada para trás, pál-
pebras baixas, catou pelos bolsos umas tantas moedas, que pôs na palma da mão. Com o dedo
esticado, separou-as, contando as conscienciosamente. Aguardou o sinal de passagem e saiu da
sombra dos prédios para o sol da tarde quente de verão.
A meio da esplanada havia uma mesa livre. Com o à vontade de um frequentador habitual, o
homem sentou-se.
Após acomodar-se o melhor que o feitio da cadeira de ferro consentia, tirou os pés dos sa-
patos, espalmou-os contra a frescura do empedrado, sob o toldo. As rugas abriram-lhe no rosto
curtido pelas soalheiras um sorriso de bem-estar.
Mas o fato e os modos da sua chegada haviam despertado nos ocupantes da esplanada, mu-
lheres e homens, uma turbulência de expressões desaprovadoras. Ao desassossego de semelhan-
te atrevimento sucedera a indignação.
Ausente, o homem entregava-se ao prazer de refrescar os pés cansados, quando um ines-
perado golpe de vento ergueu do chão a folha inteira de um jornal, e enrolou-lha nas canelas.
O homem apanhou-a, abriu-a. Estendeu as pernas, cruzou um pé sobre o outro. Céptico, mas
curioso, pôs-se a ler.
O facto, de si tão discreto, pareceu constituir a máxima ofensa para os presentes. Franzidos,
empertigaram-se, circunvagando os olhos, como se gritassem: "Pois não há um empregado que
venha expulsar daqui este tipo!". Nas caras, descompostas pelo desorbitado melindre, havia o
que quer que fosse de recalcada, hedionda raiva contra o homem malvestido e tranquilo, que lia
o jornal na esplanada.
Um rapaz aproximou-se. Casaco branco, bandeja sob o braço, muito senhor do seu dever.
Mas, ao reparar no rosto do homem, tartamudeou:​

Soluções para a tarefa

Respondido por liviaeduardapip8we3u
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Resposta:

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