Question

Apelo

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.
Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.

Dalton Trevisan.
Qual é o tema dessa crônica? Como o leitor toma conhecimento do assunto?
Na frase “a pilha de jornais ali no chão ninguém os guardou debaixo da escada”, o pronome oblíquo os, se refere ao que? Essa informação é relevante para o texto? Justifique.
Que sentimentos do narrador podem ser percebidos em relação à interlocutora? Essa crônica faz parte do subgênero poético. Explique
Que imagem de mulher o narrador constrói por meio do relato na história?
Como você interpreta as duas últimas frases do texto? Você considera que há outras pessoas que moram na casa?
"Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor".

Answer 1

Resposta:

na casa moram mais pessoas podemos descobrir como a forma que e narrado no texto