Ao se propor definir o que é ciência, o autor do Texto 1 emprega uma estratégia surpreendente. Essa estratégia é a de: *
1 ponto
a) adotar uma ideia de ciência mais de acordo com os nossos dias.
b) limitar a definição a descobertas científicas já comprovadas.
c) valer-se de nomes de cientistas consagrados nas suas áreas.
d) incluir o conhecimento popular na elaboração do conceito.
e) desfazer certos equívocos antes de construir o conceito.
Soluções para a tarefa
Resposta: está correta a letra E, desfazer certos equívocos antes de construir o conceito, pois o texto fala que definir o termo ciência é difícil, mas podemos entendê-la pelo que ela não é.
O que é ciência
por Danniel Figueiredo
Definir o que se entende por ciência não é tarefa das mais fáceis. O termo foi e continua sendo muito debatido por diversos pensadores de variados lugares e épocas. Uma forma de tentar chegar a um conceito, portanto, é olhar para a ciência a partir da ideia do que ela não é.
Desse modo, podemos dizer que a ciência não é uma crença inquestionável. Isso a difere, por exemplo, de uma religião. Enquanto uma religião se baseia em um dogma, ou seja, uma hipótese incondicional, que deve ser aceita pela fé, toda afirmação científica necessita ser fundamentada e passível de testes, de forma que qualquer pessoa, independentemente do que acredita ou não, possa chegar às mesmas conclusões ou refutá-las, ao analisar a forma como ela foi construída.
A afirmação de que existe um paraíso depois da morte, por exemplo, não pode ser considerada científica, porque não pode ser testada. A única forma de chegar a ele seria após a morte, mas não há como realizar um experimento de morrer para averiguar sua existência ou não, ou morrer uma série de vezes, em condições diferentes, para ver se em todas o resultado seria o mesmo.
A ciência também não é um argumento de autoridade. Ou seja, não é suficiente para um conhecimento ser considerado científico o fato de um grande pensador reconhecido, como Sócrates, Platão, Aristóteles, Tales de Mileto etc. tê-lo sustentado. Dizer, por exemplo, que existe um “Mundo das Ideias” porque Platão assim afirmou não garante que esse mundo exista. Acreditar nele depende de uma fé semelhante à fé religiosa.
Da mesma forma, as práticas de curandeiros, monges, cartomantes, feiticeiros e quaisquer outros seres que se autocaracterizem como “místicos” também não é ciência porque não podem ser racionalmente garantidas. Se uma cartomante faz uma previsão sobre o futuro e acerta, por exemplo, não há como garantir se ela realmente acertou ou se foi uma simples coincidência, nem como averiguar quais fatores a levaram a fazer aquela previsão, de forma que outras pessoas também possam fazer.
Por fim, a ciência também não é o senso comum, ou seja, saberes adquiridos e transmitidos socialmente – pelas nossas experiências de vida – que oferecem respostas prontas para questões corriqueiras e frequentes no nosso dia a dia.
Em um exemplo simples, sabemos que se colocarmos a mão no fogo ou em uma superfície quente, ela irá queimar e, por isso, evitamos fazer isso. Sabemos isso não porque colocamos a mão no fogo um número incontável de vezes (apesar de podermos ter feito algumas), mas porque isso é um saber da sociedade, muito provavelmente transmitido pelos pais e que transmitiremos aos nossos filhos.
Dito isso, podemos tentar estabelecer uma definição de ciência como uma explicação possível de ser testada, racionalmente válida e justificável, que possa ser replicada, e obtida por meio de estudos, observações e experimentações feitas sobre a afirmação ou o objeto estudado.