Anisocoria e descerebração são sinais de trauma de cabeça (TCE)?
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As principais causas de TCE são acidentes automobilísticos, alcançando aproximadamente 50% dos casos, seguido pelas quedas (30%), violência (sendo 20% por ferimentos por projétil de arma de fogo [FPAF]) e outras como acidentes em esportes e recreação. A associação de bebidas alcoólicas está relacionada em até 72% dos casos e cerca de 53% das mortes ocasionadas por acidentes de motocicleta são decorrentes de TCE.
Os fatores determinantes das lesões causadas no TCE são múltiplos e determinados pelas forças biomecânicas que ocorrem no momento do impacto bem como pelos fatores decorrentes das lesões sistêmicas, ocasionando um agravamento das lesões neuronais. Nas ultimas décadas tornou-se claro que grande parte da lesão neuronal após TCE grave não ocorre instantaneamente, mas evolui por várias horas após o impacto.
Lesões primárias referem-se aos processos patológicos que ocorrem como resultado imediato e direto do trauma. As lesões secundárias referem-se à lesão celular deflagrada pela lesão inicial, desenvolvendo-se por horas, até dias, após o trauma inicial. As lesões secundárias são de especial atenção ao neurocirurgião por estarem abertas à intervenção terapêutica.
O uso do cinto de segurança reduz em 40% a 60% a ocorrência tanto do TCE grave quanto da mortalidade. O uso de capacete reduz a mortalidade em 30%. O advento de novos métodos de proteção como air bag diminui o índice de lesões faciais, assim como promove importante redução na mortalidade por TCE.
Outra terminologia comumente utilizada é a de insulto secundário (não confundir com lesão secundária), referindo-se a fatores associados que agravam as lesões primárias ou secundárias como hipóxia, hipotensão, aumento de pressão intracraniana (PIC) e isquemia cerebral. Hipóxia é comum em pacientes com TCE, ocorrendo em algum grau em mais de 50% dos pacientes que respiram espontaneamente à admissão hospitalar. A hipóxia cerebral ocorrida desde o momento do acidente até o atendimento e o choque hipovolêmico determinam grande parte da mortalidade. Um simples episódio de hipotensão (PAS < 90 mmHg) ocorrendo no período entre o trauma e a ressuscitação acarreta aumento da mortalidade em 50%, quando comparado aos 28% de mortalidade nos pacientes sem lesões sistêmicas associadas. Lesões associadas são, por sua vez, muito freqüentes, ocorrendo em 57% dos pacientes com TCE grave.