Analise o excerto abaixo do historiador Robert Paxton:
Um outro problema das imagens convencionais do fascismo é que enfocam os momentos mais dramáticos do seu itinerário - a Marcha sobre Roma, o incêndio do Reichstag, a Kristallnacht - e omitem a textura sólida que elas tem da experiência cotidiana, e também a cumplicidade das pessoas comuns no estabelecimento e no funcionamento dos regimes fascistas. Eles jamais teriam crescido sem a ajuda das pessoas comuns, mesmo das pessoas convencionalmente boas. Jamais teriam chegado ao poder sem a aquiescência, ou mesmo a concordância ativa das elites tradicionais, chefes de Estado, líderes partidários, altos funcionários do governo - muitos dos quais sentiam uma aversão enfastiada pela crueza dos militantes fascistas. Os excessos do fascismo no poder exigiam também uma ampla cumplicidade entre os membros do establishment: magistrados, policiais, oficiais do exército, homens de negócios. Para entender plenamente como funcionavam esses regimes, temos que descer ao nível das pessoas comuns e examinar as escolhas corriqueiras feitas por eles em sua rotina diária. Fazer essas escolhas significava aceitar o que parecia ser um mal menor, ou desviar o olhar de alguns excessos que, a curto prazo, não pareciam tão nocivos, e que, isoladamente, podiam ser vistos até mesmo como aceitáveis, mas que, cumulativamente, acabaram por se somar em monstruosos resultados finais.
[...]
Se pudermos entender por que razão o sistema judicial, as autoridades religiosas e civis e a oposição civil não agiram de modo a pôr freio a Hitler, em novembro de 1938, começaremos a entender os círculos mais amplos de aquiescência individual e institucional, em meio aos quais uma minoria militante foi capaz de se ver suficientemente livre de restrições de qualquer natureza, a ponto de tornar-se capaz de praticar genocídio em um país até então sofisticado e civilizado.
PAXTON, Robert Owen. A anatomia do fascismo. São Paulo: Paz e Terra, 2007. P. 34 e 35.
Com base em sua análise e reflexões acerca das informações apresentadas por Robert Paxton, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. As imagens convencionais do fascismo tendem a ter como foco de análise os grandes acontecimentos e eventos realizados pelos fascistas, como exemplo o incêndio do parlamento alemão, ou ainda, a noite dos cristais. Contudo essa é uma abordagem errônea.
PORQUE
II. Ao realizar a análise a partir dos grandes eventos, desconsidera-se a importâncias das escolhas menores que ocorriam de forma diária e corriqueira realizadas pelas pessoas comuns e, também, pelos membros do establishment. Foram essas pequenas escolhas que permitiram a anuência institucional e até mesmo individual, que deram a liberdade aos governos fascistas cometerem os atos de barbárie em uma sociedade anteriormente civilizada e sofisticada.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
Alternativas
Alternativa 1:
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
Alternativa 2:
As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
Alternativa 3:
A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
Alternativa 4:
A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
Alternativa 5:
As asserções I e II são proposições falsas.
Questão 1 de 10
sirshrekwazowski:
resposta: I e II
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Resposta:
Alternativa 1:
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
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