Analise o excerto abaixo do historiador Benedict Anderson:
Assim, dentro de um espírito antropológico, proponho a seguinte definição de nação: uma comunidade política imaginada - e imaginada como sendo intrinsecamente limitada e, ao mesmo tempo, soberana.
Ela é imaginada porque mesmo os membros da mais minúscula das nações jamais conhecerão, encontrarão ou nem sequer ouvirão falar da maioria de seus companheiros, embora todos tenham em mente a imagem viva da comunhão entre eles. [...] Gellner diz algo parecido quando decreta, com certa ferocidade, que "o nacionalismo não é o despertar das nações para a autoconsciência: ele inventa nações onde elas não existem"
[...]
Imagina-se a nação limitada porque mesmo a maior delas, que agregue, digamos, um bilhão de habitantes, possui fronteiras finitas, ainda que elásticas, para além das quais existem outras nações. Nenhuma delas imagina ter a mesma extensão da humanidade. Nem os nacionalistas mais messiânicos sonham com o dia em que todos os membros da espécie humana unirão à sua nação, como por exemplo na época em que os cristãos podiam sonhar com um planeta totalmente cristão.
Imagina-se a nação soberana porque o conceito nasceu na época em que o Iluminismo e a Revolução estavam destruindo a legitimidade do reino dinástico hierárquico de ordem divina. Amadurecendo numa fase da história humana em que mesmo os adeptos mais fervorosos de qualquer religião universal se defrontavam inevitavelmente com o pluralismo vivo dessas religiões e com o alomorfismo entre as pretensões ontológicas e a extensão territorial de cada credo, as nações sonham em ser livres - e, quando sob dominação divina, estão diretamente sob Sua égide. A garantia e o emblema dessa liberdade é o Estado Soberano.
E, por último, ela é imaginada como uma comunidade porque, independentemente da desigualdade e da exploração efetivas que possam existir dentro dela, a nação sempre é concebida como uma profunda camaradagem horizontal. No fundo, foi essa fraternidade que tornou possível, nestes dois últimos séculos, que tantos milhões de pessoas tenham-se disposto não tanto a matar, mas sobretudo a morrer por essas criações imaginárias limitadas.
ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 32 a 36
Com base no texto de Benedict Anderson sobre a origem do nacionalismo e suas características, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Alternativa 1:
De acordo com Benedict Anderson, o nacionalismo é uma tradição inventada a partir dos aspectos econômicos de uma determinada sociedade.
Alternativa 2:
A nações criam o seu nacionalismo a partir da conexão entre os seus membros. É impossível criar um nacionalismo sem que os seus indivíduos conheçam uns aos outros profundamente.
Alternativa 3:
Para o autor o nacionalismo é um despertar de uma determinada sociedade, a partir do momento que determinada nação desenvolve a sua autoconsciência enquanto uma sociedade vinculada historicamente há vários séculos.
Alternativa 4:
O desenvolvimento da ideia de nação e nacionalismo possuí um caráter universal. Movimentos como a Revolução Francesa, ou ainda, a unificação alemã, tinham como propósito a criação de uma nação universal sem fronteiras ou limitação de qualquer caráter.
Alternativa 5:
As nações são imaginadas como comunidades limitadas e soberanas. Em seu contexto de surgimento, de luta contra o absolutismo e a ordem divina, era necessário que as nações fossem livres, o que só seria possível se fossem concebidas enquanto Estados soberanos.
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Resposta: Alternativa 5.
Explicação: nações imaginadas, limitadas, mas soberanas.
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