Analise o breve fragmento abaixo, extraído do artigo “Ordem, Integração e Fronteiras no Império Romano, um ensaio”, de Guarinello.
A narrativa histórica sobre o Império Romano sempre apresentou problemas para a historiografia. Por muitos anos, houve a forte tendência de focalizar a narrativa, e a explicação dos fatos e das realidades do Império, a partir de seu centro inicial: a cidade de Roma. Disso resultaram dois procedimentos paralelos, que hoje não mais se sustentam. O primeiro, cuja origem remonta a Mommsen, de observar a história do Império pelo ângulo constitucional, como se o Império Romano representasse apenas um rearranjo das formas de poder típicas da cidade-estado Roma. O segundo, que seguia de perto a própria historiografia da Antiguidade, constituía-se em narrar a história do Império através de seus imperadores, como uma sequência de biografias e governos, muitas vezes centrada, excessivamente, na personalidade individual de sucessivos governantes. Quanto às regiões ‘conquistadas’, estas permaneciam à margem da história efetiva, como meros sujeitos/súditos cuja única opção era integrar-se ao império, fosse adotando os hábitos de uma civilização superior, ou seja, romanizando-se (como em Havelock), seja integrando-se pela via do comércio à dinâmica da burguesia italiana (como em Rostovtzeff).
Como esse fragmento pode ser interpretado? Utilize trechos do fragmento para justificar sua interpretação.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Norberto Guarinello, Professor de História Antiga da Universidade de São Paulo (USP), tem como objetivo, neste ensaio, um duplo exercício de revisionismo histórico, uma desconstrução e uma releitura da historiografia que produziu a história do Império Romano.
O ensaio reflete uma crítica, Guarinello propõe neste ensaio uma discussão às tendências mais recentes nas formas de se pensar e interpretar o Império Romano e sua formação, busca também propor aos estudiosos da área uma ótica mais atualizada na forma de compreender o que foi o Império Romano.
“A narrativa histórica sobre o Império Romano sempre apresentou problemas para a historiografia, por muitos anos, houve a forte tendência de focalizar a narrativa e a explicação dos fatos e as realidades do Império, a partir de seu centro inicial: a cidade de Roma”.
Explicação:
A reflexão do Professor Guarinello se situa na leitura eurocentrista e interessada por parte dos historiadores da época, no caso de Mommsen, por exemplo, que observa a história do Império Romano a partir do ângulo constitucional, passando a ideia de que o Império Romano representasse um rearranjo das formas de poder típicos do período. Esta leitura crítica carrega em seu arcabouço o objetivo de desconstruir as definições tradicionais a muito traçadas na antiguidade. O Professor Guarinello nos traz em seu ensaio uma análise bastante crítica a esta leitura tradicional da História Antiga e às abordagens de Mommsen para a formação e o desenvolvimento do Império Romano ao pautar o assunto pela perspectiva eurocêntrica, consolidada nas ideias de desenvolvimento das civilizações do entorno do Mediterrâneo a partir das progressivas conquistas da cidade-estado Roma, esta é sua primeira análise do ensaio duplo que visa discutir novas tendências de pensamentos no que se refere a interpretação do Império Romano e seu domínio secular do Mare Nostrum. Esta releitura ganha força, principalmente, a partir do século XIX com a consolidação da cientificidade da disciplina, a História, passa a ter um novo e importante enfoque na produção das memórias e das identidades sociais, e é partindo deste princípio que o Professor Guarinelo irá analisar criticamente o tradicionalismo da História Antiga e a perspectiva eurocêntrica que se consolidou ao longo do tempo das civilizações e seus desenvolvimentos.
Afirmando em sua obra que existe consenso entre os historiadores da atualidade no que diz respeito a História Antiga, do Oriente Próximo, da Grécia e Roma, ser genuinamente uma leitura europeia.
NÃO UTILIZE NA ÍNTEGRA, POR FAVOR!
AUTOR: LUIZ GUSTAVO BITTENCOURT
O fragmento do artigo “Ordem, Integração e Fronteiras no Império Romano, um ensaio”, de Guarinello pode ser interpretado a partir da visão crítica do autor sobre os fatos considerados realmente importantes na história do Império Romano.
O autor expõe que normalmente a história do grande império é narrada com forte viés de centralização na cidade de Roma, quando, na verdade, essa constituição não se resumia a isso, ou não tinha toda sua organização voltada apenas para essa cidade.
Guarinello preconiza que a historiografia geralmente é eurocêntrica e subjuga o colonizado frente ao seu colonizador, pois os territórios que foram conquistados pelos romanos nunca foram vistos como tão importantes quanto o império, e como a história se repete desde os primórdios da humanidade, sua função única e restrita era render-se a dominação romana aderindo aos seus costumes e organização.
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