Português, perguntado por lolasousa26, 5 meses atrás

Análise do poema Eu, Etiqueta de Carlos Drummond de Andrade/ 1989Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome... estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida. Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produto que nunca experimentei mas são comunicados a meus pés. Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não prova da por este provador de longa idade. Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata e cinto e escova e pente, meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidência ,costume, hábito, premência, indispensabilidade, e fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada. Estou, estou na moda. É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade, trocá-la por mil, açambarcando todas as marcas registradas, todos os logotipos do mercado. Com que inocência demito-me de sereu que antes era e me sabiatão diverso de outros, tão mim-mesmo, ser pensante, sentinte e solidário com outros seres diversos e conscientes de sua humana, invencível condição. Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro, em língua nacional ou em qualquer língua(qualquer, principalmente).E nisto me comprazo, tiro glória de minha anulação. Não sou - vê lá - anúncio contratado. Eu é que mimosamente pago para anunciar, para venderem bares festas praias pérgulas piscinas, e bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essênciatão viva, independente, que moda ou suborno algum a compromete. Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais ,tão minhas que no rosto se espelhavam ,e cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa resumia uma estética? Hoje sou costurado, sou tecido, sou gravado de forma universal, saio da estamparia, não de casa ,da vitrina me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signo de outros objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser não eu, mas artigo industrial ,peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem. Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisa mente. 

01 – Quais citações no poema você observa na vida cotidiana? 

02 – Percebe-se no poema uma crítica a sociedade atual. A que crítica o autor se refere? 

03- Caso você fosse o escritor do poema que outro título daria a essa poesia?​

Soluções para a tarefa

Respondido por anahellxn
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Resposta:

01 – Quais citações no poema você observa na vida cotidiana?

R:Que muitos julgam pela roupa que a pessoa usa, sapato que usa, pelo modo da pessoa estar. Por exemplo: se uma pessoa entrar numa loja de jóias com uma vestimenta(roupa) bonita e elegante, vão achar que ela tem condições de pagar. Já se uma pessoa entrar com uma roupa não tão bonita, as vezes suja ou de chinelo vão julgar e achar que vai roubar, que não tem condições de comprar.

02 – Percebe-se no poema uma crítica a sociedade atual. A que crítica o autor se refere? R:O modo que as pessoas veem e pensam

03- Caso você fosse o escritor do poema que outro título daria a essa poesia?​

R:Acho que "O modo de ver e pensar"

Explicação: espero ter acertado e ter ajudado em algo :)


lolasousa26: te amo nss me ajudou demais
anahellxn: que bom :) obg
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