Português, perguntado por Gabyloves, 1 ano atrás

Análise do Capítulo XLVI (Quincas Borba - Machado de Assis):

"O rumor das vozes e dos veículos acordou um mendigo que dormia nos degraus da igreja. O pobre diabo sentou-se, viu o que era, depois tornou a deitar-se, mas acordado, de barriga para o ar, com os olhos fitos no céu. O céu fitava-o também, impassível como ele, mas sem as rugas do mendigo, nem os sapatos rotos, nem os andrajos, um céu claro, estrelado, sossegado, olímpico, tal qual presidiu às bodas de Jacó e ao suicídio de Lucrécia. Olhavam-se numa espécie de jogo do siso, com certo ar de majestades rivais e tranqüilas, sem arrogância, nem baixeza, como se o mendigo dissesse ao céu:

— Afinal, não me hás de cair em cima.

E o céu:

— Nem tu me hás de escalar".


Gabyloves: A análise requerida tratava-se, em suma, da percepção de linearidade do capítulo XLVI, a qual transpunha tal fragmento como um "conto" do realismo. Pois esse detinha introito, desenvolvimento e término possibilitando compreensão plena independentemente do conhecimento das demais alíneas desse livro (Quincas Borba). O pensamento expresso pelo "Mendigo" ao Céu, denota característica de fundo psicológico à personagem. Nessa mesma fala tem-se
Gabyloves: que não é da intensão do morador de rua alterar de condição, uma vez que não expressa vontade de "escalar o céu".
Usuário anônimo: Achei perfeita esta sua colocação sobre o mendigo :ele quer continuar a ser mendigo sem alterar sua condição de vida !

Soluções para a tarefa

Respondido por Usuário anônimo
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Para podermos entender e analisar o capítulo 46 você tem que reler o final do capítulo 45 ! Onde RUBIAO chega às praça no largo de S.Francisco e "ouve o rumor das vozes...." Rubiao é o eu-escritor é ele que observa e nos conta o que está acontecendo na praça O narrador fica presente ele é uma "pessoa real", mas ao mesmo tempo vazia sem contexto no capítulo 46.A NARRAÇÃO é feita através de um discurso indireto livre. Temos também uma reciprocidade entre o MENDIGO e o CÉU--->"de barriga para cima com os olhos fixos no céu " e uma oposição entre o CÉU e o MENDINGO -->>"o céu o fitava também impassivel. Como todas as obras de Machado de Assis desta época descreve os hábitos da sociedade da época . Mas para entender oPORQUE Rubiao se interessa pela cena olhe no capítulo 47-->ele inveja a vida do malandro ,que ele já foi um dia ,antes de receber a herança do falecido Quincas Borba , ele diz: ele não pensa em nada daqui a pouco irá dormir. *Gabylove espero que goste da minha análise ! Não podemos analisar apenas um capítulo ele possuem relação uns com os outros para dar sentido a análise , Espero ter ajudado!

Usuário anônimo: Vou ter que editar uns errinhos de digitacao
Usuário anônimo: meu IPhone  infelizmente"  não fala " o português rsrsr
Usuário anônimo: que bom que você agradeceu , pesquisei até ontem para te dar uma resposta .
Usuário anônimo: obrigada por considerar minha resposta a melhor !! valeu
Gabyloves: DE nada.
Respondido por guilhermeccardoso200
3

Resposta: A intenção do autor

Explicação:

Queria me contrapor ao que foi dito sobre o mendigo pretender permanecer estático. Na verdade, pelo que eu entendi, o diálogo entre o céu e o mendigo é de aviso: não irás me escalar. Se pensarmos na sociedade organizada de baixo pra cima, quanto mais acima maior poder, como o do capitalista Rubião, vamos ver uma face desse capítulo: a condição de mendigo é perpetuada, conservada aos que não têm oportunidade nem sorte não por vontade de permanecer nessa condição, mas pela concentração de riqueza e maior beneficiação dos que já estão em condições de subsistência confortável. Então, o mendigo não deixa de sê-lo pelo “céu”, que de cima lhe dá o aviso de que “não hás de me escalar” enquanto o mendigo suplica “afinal não me hás de cair em cima”, indicando que ele tem a intenção de escalar ao céu.

Além disso, Rubião que já estaria no céu está inquieto em pensamentos, dividido entre moral e instinto por conta da Sofia e Palha. Machado critica constantemente a hipocrisia burguesa da época. Enquanto os românticos em outros livros tratavam o casamento como fim dos problemas (como D. Tonica vê), Machado tem um tom de ruptura dessa tradição ao revelar o adultério e o interesse, mau-caratismo… Digo isso porque se ele faz isso com a classe que está acima, a que está abaixo ele demonstra benevolência e traz um olhar que privilegia a condição de pobreza por “não ter de se preocupar” em usar as máscaras sociais o tempo todo. Mas isso não quer dizer que ele queira q todos virem mendigos, ele só mostra que talvez as respostas para os conflitos humanos não estejam naqueles de cima, mas onde os olhos normalmente ignoram, pois o que está aí no céu encontra-se corrompido e pútrido.

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