Análise da atual conjuntura política brasileira.
Soluções para a tarefa
Resposta: Para entendermos o Brasil, necessitamos de um pouco de paciência, fazer uma digressão filosófica – e porque não poética -, porém é fundamental introduzir, para, num breve momento, entendermos a seguir muito concretamente do que se trata estrategicamente a questão política brasileira.
Modernamente, se percebermos, houve uma transição dramática, sobre aquilo que acreditávamos que aconteceria com todo espectro político de nossa recente democracia.
A eleição de 2014 trouxe essa onda conservadora, o que torna-se impressionante, após as manifestações de junho de 2013, não acreditaríamos que nosso Congresso nacional se tornaria um lugar pouco legítimo e representativo da sociedade brasileira, e que o mesmo ganharia uma força descomunal.
Essas mudanças na correlação de forças demonstra uma perda de nossas bancadas progressistas da esquerda em nosso parlamento, e um fortalecimento das bancadas conservadoras-reacionárias como observamos no atual cenário político.
Apesar do prestígio, do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que deixou seu governo com 87% de aprovação[2] a degradação notável de seu partido, o PT, que vem constantemente sendo associado com inúmeros casos de corrupção, colaborou para essa crescente mudança no espectro político, culminando nesse renascimento das forças conservadoras em nosso país.
Porem, temos que lembrar, que ao longo dos governos do PT, este deu uma guinada ao “centro”, compactuando alianças com partidos mais conservadores, inclusive em outros momentos com figuras políticas por exemplo, o deputado federal pastor Marcos Feliciano (PSC-SP) , o ex-presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) , deputado federal Paulo Maluf(PP-SP), entre outros, que foram importantes figuras no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
É sabido que o Partido dos Trabalhadores, que fora talvez a mais importante representatividade da esquerda neste país, acabou não promovendo importantes reformas estruturais, propostas que eram apresentada nos anos oitenta, que mesmo o PT não se apresentando como um Partido Socialista, este defendia um reformismo forte e intrínseco, mudanças extremante importantes da sociedade brasileira e no entanto , depois de 13 anos no governo, percebemos que propostas como regulamentação da mídia no país, uma reforma tributária progressiva e uma real reforma agrária, ficaram muito deficitárias, se compararmos com o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, assentando muito menos famílias do que o governo citado.
Com isso, decepcionando, inclusive os próprios movimentos sociais, que foram os grandes articuladores para a eleição do então candidato Lula e a manutenção dos governos petistas.
Outro importante fator para o desgaste do governo petista foi calcado nas eleições de 2014, onde a então candidata a reeleição Dilma Rousseff, defendia uma plataforma de esquerda, inclusive afirmando em campanha que não mexeria em direitos trabalhistas[3]e também reajustando tarifas entre outras medidas contraditórias, logo após a confirmação da reeleição.
Outro reflexo no governo foi o fortalecimento de bancadas, como a bancada do agronegócio, a bancada “da bala”, composta de ultra reacionários que defendem teses do século retrasado, e a bancada religiosa, responsável pelo espetáculo hediondo de citações religiosas na sessão de votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff[5] além de propostas vistas como retrocessos na luta de ampliação de conquistas sociais.
De fato, o governo petista conseguiu projetar essa situação delicada, não só por perder toda sua base de forma acelerada, como por conta do fisiologismo e do sistema político, que embora seja o sistema vigente, demonstra estar totalmente corrompido e arcaico, corroborando para instabilidade democrática que vivemos.
Uma de nossas incoerências, sinteticamente, nos introduz que a pouco mais de vinte anos atrás, a nossa democracia estava infindavelmente ameaçada, ao passo que atualmente, com o aumento da cultura e da informação da população, e excluindo pequenos grupos, a nossa sociedade entende e é incapaz de contestar a democracia em favor de regimes autoritários.
Outra que podemos citar refere-se a nossa dificuldade em construir interesses gerais de modo que a representação se enxerga sem representatividade caso a mesma não compactue com o atual sistema político, ou seja, desta forma não se iguala as condições de representantes e representados, apenas ressalta seus respectivos discursos, que partem de lugares distintos, pois este mecanismo de separação entre representantes e representados é primordial para que possamos, principalmente, delimitar os espaços da política; sem isto , esse espaço obviamente não existiria.