Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague
EXPLIQUE O QUE REPRESENTA, NO CONTEXTO, O TRABALHADOR TER MORRIDO NUM SABADO E NA CONTRAMAO.
ajudaa pffff
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A canção "construção" do Chico Buarque faz uma crítica ao sistema político brasileiro.
Nos versos "Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe" e "Sentou pra descansar como se fosse um príncipe" ele transmite essa ideia de miséria que o trabalhador vive.
Em "Morreu na contramão atrapalhando o tráfego", também demostra a ideia de que o trabalhador não tem importância perante a cidade.
A música também é inteiramente métrica, além de alguns a associarem com o poema "Construção" de Drummond. Sendo assim, a música fala dessa felicidade por ter coisas simples da vida, e ao mesmo tempo triste por demonstrar a realidade do trabalhador.
Nos versos "Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe" e "Sentou pra descansar como se fosse um príncipe" ele transmite essa ideia de miséria que o trabalhador vive.
Em "Morreu na contramão atrapalhando o tráfego", também demostra a ideia de que o trabalhador não tem importância perante a cidade.
A música também é inteiramente métrica, além de alguns a associarem com o poema "Construção" de Drummond. Sendo assim, a música fala dessa felicidade por ter coisas simples da vida, e ao mesmo tempo triste por demonstrar a realidade do trabalhador.
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