Algumas doenças são caracterizadas por deficiências na expressão de genes que codificam enzimas da via glicolítica. Sabendo isto, discuta o motivo da morte prematura dos eritrócitos nos pacientes com este tipo de doença.
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Resposta:
Epidemiologia
A deficiência de PK é a causa mais frequente de anemia hemolítica não esferocítica congénita com uma prevalência estimada de 1/20,000 na população caucasiana geral.
Descrição clínica
Clinicamente, os doentes com deficiência de PK sofrem de um grau altamente variável de hemólise crónica, variando desde icterícia neonatal grave e anemia fatal à nascença, hemólise crónica grave dependente de transfusão, hemólise moderada com exacerbação durante infecções a uma hemólise completamente compensada sem anemia aparente. Icterícia crónica, cálculos biliares e esplenomegalia são achados comuns.
Etiologia
A deficiência de PK nos eritrócitos é uma doença autossómica recessiva causada por mutações no gene PKLR (1q22). Até à data foram descritas mais de 190 mutações no gene PKLR. A PK é uma enzima chave regulatória de glicólise e duas anomalias metabólicas importantes resultam da deficiência de PK: depleção de ATP e aumento do conteúdo de 2,3-difosfoglicerato (2,3-DPG). Os mecanismos exactos que causam hemólise extravascular são, até ao momento, desconhecidos, mas uma característica importante envolve o sequestro selectivo de glóbulos vermelhos jovens deficientes em PK, particularmente os reticulócitos, pelo baço. O aumento dos níveis de 2,3-DPG melhora a anemia diminuindo a afinidade da hemoglobinapara o oxigénio.
Métodos de diagnóstico
O diagnóstico pode ser considerado com base nas características clínicas e nos achados laboratoriais: graus variáveis de anemia, reticulocitose, aumento da bilirrubina não conjugada e diminuição dos níveis de haptoglobina. A morfologia dos glóbulos vermelhos é essencialmente normal. A deficiência de PK é diagnosticada através da determinação da actividade enzimática de PK. De notar que devido ao facto de actividade enzimática ser dependente da idade dos glóbulos vermelhos, uma deficiência de PK pode estar disfarçada pela reticulocitose. A confirmação do diagnóstico requer a caracterização molecular.
Diagnóstico diferencial
Também foi descrita deficiência secundária de PK, ocorrendo no contexto de doenças hematológicas (leucemia aguda/crónica, síndromes mielodisplásicos e anemia sideroblástica; ver estes termos). Em caso de anemia hemolítica normocítica persistente em que tenham sido excluídas anomalias da hemoglobina e reacções antiglobulina, estejam ausentes esferócitos e a fragilidade osmótica esteja normal, deve ser considerado o diagnóstico de anemia hemolítica não-esferocítica hereditária.
Controlo da doença e tratamento
O tratamento principal é transfusão sanguínea e, em casos graves, esplenectomia. Esta última deve ser baseada na capacidade do doente tolerar a anemia. Como resultado da esplenectomia, a contagem dos reticulócitos aumenta na maioria dos casos e a necessidade de transfusões diminui. O transplante de medula óssea pode curar a deficiência de PK mas raramente é realizado.
Prognóstico
O prognóstico é variável dependendo da gravidade da anemia, mas como nos outros distúrbios hemolíticos crónicos, pode desenvolver-se litíase vesicular e sobrecarga de ferro, necessitando de tratamento apropriado.
Explicação: