Alguém teria o texto "transplante de menina", completo me ajudemm...
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Resposta:
Aproximava-se a data do meu aniversário: eu ia completar (dez/onze/doze) anos. Lá em Riga, nossos aniversários eram comemorados com animadas reuniões, no meio de uma grande família: avós, tios e tias, muitos primos e primas, a casa toda (enfeitada/desarrumada/feia), teatrinho feito por nós mesmos, jogos, cirandas, cantorias. E muitos presentes, muitos bolos e doces, e principalmente muito carinho e (tormento/aconchego/tristeza). A cadeira do aniversariante, na cabeceira da mesa, era decorada como um trono, com grinaldas e enfeites de papel, a criançada toda endomingada, ostentando chapéus de penacho e coroas de flores de crepom, tudo confeccionado por nossas próprias mãos. Eram eventos festivos, aguardados com palpitante antecipação, e registrados em (cartões/bilhetes/fotografias) feitas com “explosões” de magnésio, que faziam metade do grupo sair na foto de olhos fechados, e a outra, de olhos arregalados...
Mas os nossos primeiros aniversários no Brasil nem chegaram a ser comemorados, passaram “em branca nuvem”, em meio à afobação e aos mil problemas da grande mudança. Assim, o dia dos meus 11 anos não teve festa. Mas agora eu ia fazer 12, e estava na Escola Americana, e (morávamos/corríamos/saíamos) numa casa bastante espaçosa, e eu tinha uma porção de coleguinhas – e achei que já poderia recebê-los. Achei, mas não falei nada: a proposta de fazer uma festinha para mim partiu dos meus pais, e eu, claro, fiquei (pouco/muito/sem) contente. Eu deveria convidar alguns meninos e algumas meninas da minha classe, aqueles com quem me relacionava melhor, uns dez ou doze. (Mamãe/saída/quando) prepararia uma bonita mesa de doces e refrigerantes – uma extravagância, nas nossas condições econômicas. E eu e meu irmão faríamos a decoração com enfeites de papel, chapéus e bandeirolas, como fazíamos em lá em Riga. E eu teria minha primeira festa de aniversário no Brasil.
Dito e feito. Escrevi até convites, com letra caprichada, em cartões com vinhetas (tristes/coloridas/coloridos) da minha própria lavra, e os entreguei aos colegas de classe, na escola, alguns dias antes do evento, encabulada e contente com a receptividade amável dos convidados.
Quando chegou o dia – era um sábado, dia sem aulas na Escola Americana – preparei tudo, enfeitei a sala, me “enchiquetei” com o primeiro vestido e o primeiro par de sapatos (novos/novas/sujos) desde que chegamos a São Paulo, e esperei pelos meus convidados, ao lado da mesa toda decorada e cheia de guloseimas. Os convidados estavam demorando a chegar, mas já me haviam dito que no Brasil não se costuma chegar na hora, especialmente em festas – pontualidade também era “coisa de estrangeiros” –, então não me preocupei muito, apesar da natural impaciência. Só que a demora estava se prolongando, e uma hora depois da hora marcada ainda não chegara ninguém. Nem duas horas depois. E nem três. E a minha aflição aumentando, a angústia subindo como um nó na garganta, um aperto no coração...
Resumindo, a triste e interminável tarde chegou ao fim, e (amanheceu/anoiteceu/saiu) sem que aparecesse um só dos meus convidados, nem um único! Frustração, decepção, rejeição – essas foram as minhas companheiras naquele malfadado (presente/aniversário/alegria) dos meus doze anos. Eu não era de chorar, e diante dos meus aflitos pais, que não sabiam o que fazer para me ajudar naquele transe amargo, eu não podia “dar parte de fraca”. Mas a noite, na minha cama, quando ninguém viu, (chorávamos/chorarei/chorei) muito, sufocando as lágrimas no travesseiro. E no ano seguinte eu não quis festa nenhuma.
Este foi um dos grandes traumas de transição do meu primeiro ano no Brasil, na Rua Jaguaribe. Felizmente, foi também um dos últimos, senão o último, de tamanho impacto. Mas que me deixou uma “equimose” na alma, que custou muito a desaparecer.