Português, perguntado por Estudante9341, 1 ano atrás

Alguém sabe o resumo desse livro:

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Respondido por Nbcole
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Talvez hoje em dia nem se use mais essa frase, mas durante muito tempo a expressão "homem da renascença" significou alguém que, com fome de conhecimento e arte, transitava com habilidade e brilho por mais de um campo de conhecimento, alguém que tinha uma visão ainda global e pouco especializada das ciências. E a origem dela, obviamente, só poderia vir dos grandes artistas da Renascença, como Leonardo Da Vinci, que foi inventor, engenheiro, arquiteto, pintor, escultor, astrólogo e escritor. Ou, claro, o outro grande nome do período, Michelangelo Buonarotti, escultor de gênio, autor da monumental pintura no teto da Capela Sistina, arquiteto, e, o que menos gente sabe, poeta. Isso, poeta também, tanto Leonardo quanto Michelangelo eram também escritores.

O que gera uma curiosidade que pode ser aplacada com o enxuto livro Michelangelo: cinquenta poemas, que está saindo pela Ateliê Editorial (144 páginas), e que traz, como o título já deixa claro, cinco dezenas de poemas selecionados e traduzidos por Mauro Gama, também autor do estudo crítico e da cronologia que está disponível no volume. A edição, bilíngüe, também traz o original em italiano.

A tradução de Gama, a propósito, toca em um ponto para o qual eu já havia chamado a atenção durante aquela série de comparações entre as diferentes traduções de uma obra literária: o tradutor deve verter uma obra de época em uma dicção que soe como a da época ou deve buscar um tom mais universalista que ainda assim esteja de acordo com o espírito da obra. Mauro Gama opta pela primeira alternativa. Como ele próprio Gama escreve em um trecho da apresentação crítica:

A presente coletânea reúne cinquenta textos da obra poética relativamente pouco conhecida de Michelangelo Buonarotti. Em geral, como sugerimos, têm por característica dominante um lirismo às vezes erótico, às vezes religioso e reflexivo, marcado aqui e ali pela influência de Petrarca e Dante (a que o artista presta homenagem no primeiro poema da coleção). O original italiano foi vertido para um português da mesma época, em conformidade perseverante, inclusive de métrica e de rimas, com a matriz de seu contemporâneo e nosso adorado poeta Luís Vaz de Camões. Julgamos imprescindível, mediante pesquisa às vezes árdua, não empregar nenhuma palavra que não houvesse ou não fosse usada no período, e tentar manter, na medida do possível, a forma que cada vocábulo então apresentava.

Vai abaixo um dos poemas traduzidos, optei por citar justamente aquele que Gama menciona no trecho acima:

1. Para Dante Alighieri [1545]

Desceu do céu e, em trajo de mortal,
após o inferno e o reino piadoso,
só contemplou Deus todo-poderoso,
pera nos dar de tudo a luz real:

estrela que em seu brilho essencial
o ninho onde nasci fez luminoso;
nem fora dom o mundo tam danoso:
só tu, que a criaste, havias de ser tal.

Digo de Dante, que inda pouco amiúde
as obras lhe conhece o povo ingrato,
que só aos juntos falta ter saúde.

Mas fosse eu ele! Com tal fado nato.
no áspero exílio seu, e co a vertude,
daria ao mundo o mais feliz retrato.

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