alguém sabe algum relato de alguma crônica ?
Soluções para a tarefa
Essa doença é assim: você nunca acha que ela vai lhe pegar, mas ela lhe pega. Começa sempre com você tendo uma expectativa de alguma coisa, esperando por algo acontecer e normalmente isso não ocorre, o que eleva ainda mais o grau de sua expectativa e o deixa ainda mais aterrorizado.
É um tipo de coisa com a qual você nunca está acostumado, pois quando você acha que vai passar, vem aquela quentura subindo da barriga, numa espécie de refluxo (mas que não é) e que depois acaba parando na sua garganta e sua boca fica cheia de água, com aquela vontade habitual de vomitar.
Um outro sintoma é você ver algo que gosta, mas não pode ter ou tocar e depois ficar pensando se aquilo tinha alguma coisa a ver contigo ou não ou que uso daria para aquilo, isso promove sua expectativa às alturas fazendo com que sua respiração fique rápida e incontrolável e propicia para quem sente verdadeiros momentos de tortura, mas uma tortura calada e psicológica que nos torna ainda mais reféns de uma doença que muita gente julga ser besteira, mas que na verdade é um dos grandes males do dito mundo moderno.
Essa chaga, se assim podemos chamar, coloca uma verdadeira faca em nosso peito e é como se estivéssemos encostados na parede sem poder nos mexer, porque de repente você está bem, legal, fazendo alguma atividade bacana, mas a intercorrência de um pensamento faz com que a química do seu cérebro mude completamente e assim a sensação de vazio, de que você está caindo num precipício retorne rapidamente à sua vida, é como se o mundo desabasse somente à sua volta e você não conseguisse mais se recuperar.
Fica aquela sensação de cabo de guarda-chuva na sua boca, ou seja, parece que você apanhou e na verdade nada aconteceu, o que lhe mata realmente é isso, essa inanição, a expectativa, a fruta que não madura e não cai do pé, porque você não tem a exata paciência de esperar o tempo fazer o seu trabalho e curar a própria ferida que é sua, mas que na sua própria opinião, queima abertamente em seu peito e derrama sangue a olhos vistos por todos os lados.
Essa doença aparece sorrateiramente a qualquer momento porque essa é a sua maior arte e hoje com o advento das redes de internet qualquer coisa que você observe pode se transformar num passo mais profundo para um mergulho nesse sentimento tão vazio e ao mesmo tempo denso e que se você deixar toma sua alma e não a devolve mais para o seu devido lugar.
O ápice dessa doença talvez seja isso: tomar a alma da pessoa e não a entregar mais para o seu dono, não é como um delivery de pizza onde você pede e depois de uma hora a apetitosa está em sua mesa e você poderá saboreá-la sem nenhuma problema. Ao contrário, essa entrega quando bate na sua porta não vem para dar e sim para tirar a sua paz, lhe faz mal, lhe machuca, lhe destrói das formas mais mirabolantes possíveis e o pior de tudo isso é que ninguém liga para o que você pensa, faz, sente ou passa.
Chega uma hora em que você apenas senta e chora, chora copiosamente e num pranto sui generis infelizmente se entrega e entra no campo onde ela mais gosta de jogar, no seu estádio, onde ela se sente literalmente em casa. É do seu choro, da sua tristeza e da sua falta de perspectiva que esse mal se alimenta e fica cada dia mais gordo para dominar ainda mais a sua vida, porque ele é assim, no início parece bom, mas depois se revela um monstro incontrolável e sem qualquer forma de ser caçado ou destruído.
Isso tudo é o que se passa na vida de um ansioso, um relato dos mais verdadeiros, enfim, uma vida difícil e triste.
Renato Chimirri é ansioso há 41 anos.
Deixa uns desanimados, outros bem felizes...
É a alimentação dos fracos
É o reino dos fortes
Faz-nos cometer erros
Os fracos deixam se ir abaixo
Os fortes erguem sempre a cabeça
os assim assim assumem-os
Sem pensar conquistamos
O mundo geral
e construímos o nosso pequeno lugar
deixando brilhar cada estrelinha
Estrelinhas...
Doces, sensíveis, frias, ternurentas...
Mas sempre presentes em qualquer parte
Os donos da Amizade...