Português, perguntado por byasanto2021, 3 meses atrás

alguém poderia fazer uma crônica pra mim de futebol feminino?​

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Respondido por layanne1601santos
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Resposta:

Precisamos falar sobre as mulheres no esporte. Precisamos falar sobre futebol feminino sempre, não só em época de Copa do Mundo.

Precisamos falar sobre futebol feminino.

Precisamos falar sobre Marta, eleita por 6 vezes a melhor jogadora do mundo. Com 17 gols, também é a maior artilheira em Copas do Mundo. Precisamos falar sobre Marta, que ainda assim, não recebe patrocínio sequer similar ao dos futebolistas homens.

Precisamos falar sobre Formiga e seu recorde mundial de participação em Copas do Mundo. Precisamos falar da mulher negra e nordestina que lutou contra o preconceito e o racismo, defendeu a seleção brasileira em sua sétima copa, e aos 41 anos é um fenômeno em campo.

Precisamos falar sobre Cristiane, a atacante que já esteve duas vezes entre as melhores jogadoras de futebol do mundo e que, com a marca de 14 gols em Olimpíadas, é a maior artilheira da competição, independente de gênero. Precisamos falar dessa atleta incrível que compartilhou com o mundo que também já teve depressão.

Precisamos falar sobre Ludmila, a jogadora que passou seus primeiros anos num orfanato, foi criada pela tia com mais dois irmãos e sete primos. Ludmila, que perdeu a melhor amiga e a irmã para as drogas, mas que aprendeu a tomar as decisões certas, mesmo diante de tantas chances de dar errado, e escolheu o futebol.

Precisamos falar sobre Tamires, a jogadora que já deixou o futebol de lado por duas vezes, pela maternidade e pelo marido – que hoje cuida do filho do casal, em apoio à carreira da atleta.

Precisamos falar sobre Alex Morgan, a futebolista norte-americana que, junto com as companheiras de profissão, foi à justiça contra a federação de futebol dos EUA por discriminação salarial. Que se declarou contra Trump, e já adiantou que se recusa a ir à Casa Branca caso sua seleção seja campeã mundial.

Precisamos falar também sobre Ada Hegerberg, a norueguesa que foi campeã da Champions League por duas vezes, e a primeira mulher a ganhar o Ballon D’Or. Precisamos falar sobre Ada, que abriu mão de ir à Copa na França para protestar contra a desigualdade de gêneros no futebol.

Precisamos falar sobre essas e tantas outras atletas que fazem história, que superam obstáculos, e seguem transformando o esporte e o mundo. Precisamos falar sobre as mulheres no futebol que, por mais que se destaquem em suas equipes, não têm as mesmas condições que a modalidade masculina – nem em visibilidade e reconhecimento, e infinitamente menos ainda em salários.

Precisamos falar sobre futebol feminino, não só em época de Copa do Mundo. Precisamos falar dele em todo lugar, nas redes sociais, em família, entre amigos, em qualquer mídia. Precisamos aproveitar a oportunidade para conhecer mais sobre essas mulheres, que com seus destaques pessoais estão dando voz a causas importantes.

Precisamos falar sobre futebol feminino para mostrar que é mais do que só futebol. Porque, só falando – e muito, e sempre – é que teremos chances de lutar pela igualdade. Dentro e fora do esporte.

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Explicação:

espero ter ajudado

Respondido por camilaabreu2897
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Resposta:

O texto que se segue é uma tentativa, mais lírica que técnica de pensar a Copa Mundial de Futebol Feminino. E antes de propriamente começar, gostaria de fazer duas advertências, a primeira delas é que sou atleticana, e como toda boa atleticana aprendi a amar futebol por todas as possibilidades improváveis e inimagináveis que o jogo carrega. Nós, torcedores do Galo, sabemos que até os últimos segundos de uma partida, nada está definido, a gente efetivamente vive o "eu acredito", logo esse texto é quase uma homenagem ao futebol e as suas potencialidades. A segunda delas é que pauto minha vida numa teoria de mundo que me faz ser quem sou em todos os campos de ação dos meus dias: sou marxista. E como marxista, meus posicionamentos longe de serem neutros, são políticos e atrelados à luta da classe trabalhadora.  

Bem, dito isso, já se sabe logo de partida que meu texto não busca agradar nem a ala masculina de direita que só acredita que mulher gosta mesmo de futebol se ela citar de cor e salteado a escalação da seleção brasileira na última partida da Copa de 1970, nem tão pouco a esquerda mecanicista que vê no futebol o culpado de todas as mazelas sociais, ponto alienante e responsável pelo não fortalecimento da consciência de classe. Nem sei a escalação da dita partida, nem limito ao futebol o poder exercido pelo capital como forma de manipular e fetichizar a humanidade. Nada fica imune a este sistema devorador da potência humana. Nada.

 

Agora vamos à Copa Feminina que já começou estraçalhando minha garganta e minhas unhas. Pela primeira vez, sendo esta a oitava edição do campeonato, que teve início no ano de 1991, na China, é que estão sendo transmitidas as partidas no Brasil via rede Globo de televisão, privilégio esse que só o torneio masculino gozava até agora. Não ocorreu até o momento, que já disputamos duas partidas do torneio, a mesma comoção ou parada na vida social que se dá, quando da Copa masculina, mas ouso dizer é muito mais bonito e humanizado ver esses jogos com a mulherada em campo. E isso não só pelas gingadas de bola que ainda focam nos dribles e toques, coisa que faz algum tempo o hegemônico futebol masculino vem perdendo, é pela torcida também.      

Ver o jogo das meninas é estar em um ambiente em que os marginalizados por essa sociedade escrota tem voz, gritam, emocionam, chamam palavrão, mas focam nos erros de passes das jogadoras e não na mãe da juíza, que, diga-se de passagem, na última partida entre Brasil e Austrália, tinha lado bem definido e não era o nosso. É partilhar alegria de um passe de bola bonito, sem ter de ouvir a explicação técnica como se só especialistas pudessem ver beleza numa roubada de bola que passa por debaixo da perna da adversária (muito obrigada por aquela jogada Debinha!) e finaliza num belo gol. Qualquer pessoa é capaz de se emocionar com beleza, não precisa necessariamente saber a técnica que foi capaz de criá-la, se ela não conseguir se fazer entender pelo conteúdo que quer transmitir ela é vazia. Ou dito de outra forma, qualquer pessoa é capaz de se emocionar com um belo gol, sem ter de entender se foi o atacante ou o lateral esquerdo quem o fez.  

Assistir às partidas do mundial de futebol feminino é ter ao lado gay, lésbica, mulher cis, trans, criança, cachorro e gato, e todo mundo gritar junto e xingar o passe ruim, mas ouvir lá do fundo: “ei, reprodução machista hein”, quando por deslize e força da repetição alguém faz um comentário escroto, é também se desculpar, e agradecer por ter sido corrigida. Ver as partidas das brasileiras além de divertimento e catarse possibilita se acrescentar enquanto gente. E não estou romantizando nada aqui, acredite. É só que os grupos aos quais tenho me juntado para ver os jogos me ajudam exatamente nisso, me enxergar melhor dentro do todo social excludente e reparar melhor na outra mulher do lado que grita gol comigo.  

Longe de acreditar que tais partidas irão mudar a forma do mundo enxergar nossa condição feminina de estar nesse mundo patriarcal, excludente e machista, visto que isso só terá possibilidades de se efetivar quando este sistema ruir, ver esses jogos é possibilidade material concreta de fazer pensar sobre a estrutura que nos limita, diminui e desrespeita, como por exemplo, fez Marta na nossa última partida, mostrando o símbolo de igualdade de gênero na sua chuteira, dando visibilidade a desigualdade de tratamento dos patrocinadores destinado a jogadoras femininas e jogadores masculinos.  É ainda, a concreção da partilha da alegria, um hiato cotidiano nesse mundo desumano, um estilhaço de leveza.  

Explicação:

espero ter te ajudado

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