Alguém poderia ajudar??
1) Releia o texto "O menino no espelho", nós vimos que ele é narrado em 1ª pessoa,ou seja, o menino conta a história que aconteceu com ele. Agora reescreva o texto de maneira resumida (até 20 linhas). Mas em 3ª pessoa
dou melhor resposta.
Soluções para a tarefa
Fernando Sabino
[...]
Levantava a perna, e ele levantava também, ao mesmo tempo. Abria os braços e ele fazia o mesmo. Coçava a orelha, e ele também.
Mas o que mais lhe intrigava era a única diferença entre eles dois. Sim, porque um dia descobriu, com pasmo, que enquanto levantava a perna esquerda, ele levantava a direita; enquanto coçava a orelha direita, ele coçava a esquerda. Reparando bem, descobriu outras diferenças. O escudo da escola, por exemplo, que ele trazia colado no bolsinho esquerdo do uniforme, na blusa dele era no direito.
Para testar, colocou a mão direita espalmada sobre o espelho. Como era de se esperar, ele ao mesmo tempo vem com sua mão esquerda, encostando-a na do menino. Sorrio para ele e ele para o menino . Mais do que nunca lhe vem a sensação de que é alguém idêntico a ele que está ali dentro do espelho, se divertindo em imitar a si próprio . Chegou a ter a impressão de sentir o calor da palma da mão dele contra a sua. Ficou sério, a imaginar o que aconteceria se isso fosse verdade. Quando voltou a olhá-lo no rosto, viu assombrado que ele continua a sorrir. "Como se agora estou absolutamente sério?(falou o menino)"
Um calafrio correu pela espinha, arrepiando a sua pele: que havia alguém vivo dentro do espelho igual a ele mesmo. Não é imaginação, pois ele ainda está sorrindo, e sintia o contato de sua mão sobre a dele , seus dedos aos poucos entrelaçarem os do menino .
Puxo a mão com cuidado, descolando-a do espelho. Em vez da outra mão se afastar, ela vinha para fora, presa à do menino. Afastou um passo, sempre a puxar a figura do espelho, até que ela se destaque de todo, já dentro do seu quarto, e ficou à sua frente, palpável, de carne e osso, como outro menino exatamente igual a ele .
– Você também se chama Fernando? – pergunto, mal conseguindo acreditar nos meus olhos.
– Odnanref – responde ele, e era como se eu próprio tivesse falado: sua voz era igual à minha.
– Odnanref?
Sim, Odnanref. Fernando de trás para diante. Era em tudo semelhante a ele, menos em relação à direita e à esquerda, que eravo contrário, sendo natural, pois, que seu nome, isto é, o seu fosse ao contrário também. Por uma coincidência, Odnanref era o seu nome de guerra, na sociedade secreta Olho de Gato.
– Por isso mesmo – confirmou Odnanref, dando-lhe um tapinha nas costas e rindo, feliz: - Foi você que me desencantou, adotando o meu nome. Senão eu jamais teria vindo, pois a lei do mundo dos espelhos proíbe terminantemente que a gente venha ao mundo de vocês. A menos que alguém consiga desvendar o nosso encanto. O meu era esse, e você adivinhou. Eu só estava esperando que você me puxasse, como acabou de fazer. [...]
Deslumbrado com a perspectiva de ter alguém igual a ele, como um perfeito irmão gêmeo, não imaginava as dificuldades que iria enfrentar. A falta de sua imagem no espelho, por exemplo, era uma delas: se criava problemas para pentear os cabelos ou escovar os dentes sem poder se ver .
Combinaram que, a partir de então, um substituía o outro quando o menino quisesse, mas jamais deveriam ser vistos juntos. Ninguém poderia desconfiar da existência dupla deles dois, pois com isso se acabaria o encanto, significando o seu imediato regresso, para todo o sempre, ao interior do espelho.
[...]