Português, perguntado por guiirani165, 10 meses atrás

Alguem pode me falar um poema do romantismo que enaltece "COMPLETAMENTE" a mulher?​

Soluções para a tarefa

Respondido por azevedojuju
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Soneto [Pálida à luz da lâmpada sombria]

Pálida à luz da lâmpada sombria,

Sobre o leito de flores reclinada,

Como a lua por noite embalsamada,

Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria

Pela maré das águas embalada!

Era um anjo entre nuvens d'alvorada

Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! O seio palpitando...

Negros olhos as pálpebras abrindo...

Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!

Por ti - as noites eu velei chorando,

Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

Respondido por mairamaiadebrito
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Gonçalves Dias

Como se ama o calor e a luz querida,

A harmonia, o frescor, os sons, os céus,

Silêncio, e cores, e perfume, e vida,

Os pais e a pátria e a virtude e a Deus:

Assim eu te amo, assim; mais do que podem

Dizer-te os lábios meus, — mais do que vale

Cantar a voz do trovador cansada:

O que é belo, o que é justo, santo e grande

Amo em ti. — Por tudo quanto sofro,

Por quanto já sofri, por quanto ainda

Me resta de sofrer, por tudo eu te amo.

O que espero, cobiço, almejo, ou temo

De ti, só de ti pende: oh! nunca saibas

Com quanto amor eu te amo, e de que fonte

Tão terna, quanto amarga o vou nutrindo!

Esta oculta paixão, que mal suspeitas,

Que não vês, não supões, nem te eu revelo,

Só pode no silêncio achar consolo,

Na dor aumento, intérprete nas lágrimas

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,

De vivo luzir,  

Estrelas incertas, que as águas dormentes  

Do mar vão ferir;

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,  

Têm meiga expressão,  

Mais doce que a brisa, — mais doce que o nauta  

De noite cantando, — mais doce que a flauta  

Quebrando a solidão,

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,  

De vivo luzir,  

São meigos infantes, gentis, engraçados  

Brincando a sorrir.

São meigos infantes, brincando, saltando  

Em jogo infantil,  

Inquietos, travessos; — causando tormento,  

Com beijos nos pagam a dor de um momento,  

Com modo gentil.

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,  

Assim é que são;  

Às vezes luzindo, serenos, tranquilos,  

Às vezes vulcão!

Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco,  

Tão frouxo brilhar,  

Que a mim me parece que o ar lhes falece,  

E os olhos tão meigos, que o pranto umedeci  

Me fazem chorar.

Assim lindo infante, que dorme tranquilo,  

Desperta a chorar;  

E mudo e sisudo, cismando mil coisas,  

Não pensa — a pensar.

Nas almas tão puras da virgem, do infante,  

Às vezes do céu  

Cai doce harmonia duma Harpa celeste,  

Um vago desejo; e a mente se veste  

De pranto como um véu.

Quer sejam saudades, quer sejam desejos  

Da pátria melhor;  

Eu amo seus olhos que choram em causa  

Um pranto sem dor.

Eu amo seus olhos tão negros, tão puros,  

De vivo fulgor;  

Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,  

Que falam de amores com tanta poesia,  

Com tanto pudor.

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,  

Assim é que são;  

Eu amo esses olhos que falam de amores  

Com tanta paixão.

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