Alguém pode fazer um resumo sobre o anel de giges??? Pfvr é urgente, não precisa ser grande
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O ANEL DE GIGES
Platão conta em "A República" uma história que me parece muito significativa para que se compreenda algo da condição humana e, talvez, determinados fenômenos da política. Refiro-me à narrativa que envolve o mito do camponês Giges. Certo dia, pastoreando suas ovelhas, Giges encontra uma cratera aberta por efeito de uma tormenta. Dentro dela, o camponês vislumbra um enorme cavalo de bronze com aberturas laterais. Giges desce pelo buraco e penetra no cavalo onde descobre o cadáver de um homem com um anel no dedo. Giges pega, então, o anel e o coloca no próprio dedo. Para sua surpresa, descobre logo a seguir que quando virava o anel para a palma da mão ficava invisível. Quando colocava o anel de volta à posição original, Giges tornava-se visível novamente. A história mostra como, com base no poder que o anel lhe conferia, Giges passa a cometer várias ações maldosas e perversas. Primeiro, seduziu a rainha e, depois, matou o soberano e usurpou o Poder.
O que o mito permite vislumbrar é que os seres humanos, via de regra, são tentados a praticar ações condenáveis quando tomados pela convicção de que elas não serão conhecidas. Quando agimos na esfera pública e sabemos que nossas atitudes serão do conhecimento geral, agimos tendencialmente em direção ao bem. Essa é a razão, inclusive, pela qual o mal emerge com tanta força no interior das chamadas "instituições totais" - presídios, manicômios, asilos, etc. Como se sabe, essas instituições são obscuras; vale dizer: a luz pública ali não penetra. Como decorrência, grande parte dos procedimentos adotados não são conhecidos o que, por si só, estimula uma sucessão de atos moralmente deploráveis.
Os senadores e funcionários que violaram o painel eletrônico do Senado imaginaram que essa ação permaneceria invisível. O ato delinqüente, entretanto, deixou rastros eletrônicos que permitiram aos peritos identificar a senha utilizada por um deles. A partir daí, toda a história veio à tona. Ora, a invisibilidade não pode ser uma característica da política; de nenhuma ação política. O voto secreto - que assegura a invisibilidade das posições políticas assumidas pelos parlamentares - é uma ofensa à política, compreendida como a atividade específica pela qual os sujeitos argumentam em torno de proposições de regramento da sociedade. Para enfrentar a corrupção é preciso garantir que todos os procedimentos administrativos sejam públicos. Em outras palavras: e preciso que esses atos respeitem o princípio da publicidade. Penso que os governos, os parlamentos e o Poder Judiciário deveriam, obrigatoriamente, publicar na Internet todos os seus atos administrativos e todas as informações relevantes sobre compras, licitações, arrecadação, pagamentos, salários, diárias, etc. Uma conduta assim reduziria significativamente os espaços para as práticas imorais e criminosas na esfera pública.
A transparência parece ser, de fato, a melhor forma de se inibir a corrupção e constranger aqueles atos que, embora legais, não encontram legitimidade moral. A tarefa que nos cabe, então, é a de identificar na política onde restam anéis como o que Giges encontrou e, então, destruí-los escrupulosamente. Poderíamos começar pelo financiamento das campanhas - espaço de inúmeras invisibilidades e desvios - garantindo o financiamento público.
Platão conta em "A República" uma história que me parece muito significativa para que se compreenda algo da condição humana e, talvez, determinados fenômenos da política. Refiro-me à narrativa que envolve o mito do camponês Giges. Certo dia, pastoreando suas ovelhas, Giges encontra uma cratera aberta por efeito de uma tormenta. Dentro dela, o camponês vislumbra um enorme cavalo de bronze com aberturas laterais. Giges desce pelo buraco e penetra no cavalo onde descobre o cadáver de um homem com um anel no dedo. Giges pega, então, o anel e o coloca no próprio dedo. Para sua surpresa, descobre logo a seguir que quando virava o anel para a palma da mão ficava invisível. Quando colocava o anel de volta à posição original, Giges tornava-se visível novamente. A história mostra como, com base no poder que o anel lhe conferia, Giges passa a cometer várias ações maldosas e perversas. Primeiro, seduziu a rainha e, depois, matou o soberano e usurpou o Poder.
O que o mito permite vislumbrar é que os seres humanos, via de regra, são tentados a praticar ações condenáveis quando tomados pela convicção de que elas não serão conhecidas. Quando agimos na esfera pública e sabemos que nossas atitudes serão do conhecimento geral, agimos tendencialmente em direção ao bem. Essa é a razão, inclusive, pela qual o mal emerge com tanta força no interior das chamadas "instituições totais" - presídios, manicômios, asilos, etc. Como se sabe, essas instituições são obscuras; vale dizer: a luz pública ali não penetra. Como decorrência, grande parte dos procedimentos adotados não são conhecidos o que, por si só, estimula uma sucessão de atos moralmente deploráveis.
Os senadores e funcionários que violaram o painel eletrônico do Senado imaginaram que essa ação permaneceria invisível. O ato delinqüente, entretanto, deixou rastros eletrônicos que permitiram aos peritos identificar a senha utilizada por um deles. A partir daí, toda a história veio à tona. Ora, a invisibilidade não pode ser uma característica da política; de nenhuma ação política. O voto secreto - que assegura a invisibilidade das posições políticas assumidas pelos parlamentares - é uma ofensa à política, compreendida como a atividade específica pela qual os sujeitos argumentam em torno de proposições de regramento da sociedade. Para enfrentar a corrupção é preciso garantir que todos os procedimentos administrativos sejam públicos. Em outras palavras: e preciso que esses atos respeitem o princípio da publicidade. Penso que os governos, os parlamentos e o Poder Judiciário deveriam, obrigatoriamente, publicar na Internet todos os seus atos administrativos e todas as informações relevantes sobre compras, licitações, arrecadação, pagamentos, salários, diárias, etc. Uma conduta assim reduziria significativamente os espaços para as práticas imorais e criminosas na esfera pública.
A transparência parece ser, de fato, a melhor forma de se inibir a corrupção e constranger aqueles atos que, embora legais, não encontram legitimidade moral. A tarefa que nos cabe, então, é a de identificar na política onde restam anéis como o que Giges encontrou e, então, destruí-los escrupulosamente. Poderíamos começar pelo financiamento das campanhas - espaço de inúmeras invisibilidades e desvios - garantindo o financiamento público.
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